terça-feira, 25 de maio de 2010

Passado, Presente, Futuro - PASSADO

Três irmãos. Pequenos, loiros, morenos, ruivos, baixos, altos, tristes, felizes, sorridentes (entre dentes), sérios (em mistérios), doces e amargos. Guardam consigo, três de minhas mais preciosas caixinhas.
Por que eis eu de confiar neles? Ora essa, nada deles passa despercebido. É como lutar com sua própria sombra, sabendo que é ti que sofre quando ela se machuca.
O primeiro, mais velho, mais maduro, amargo, sofrido. Guarda consigo palavras mastigadas, atitudes engolidas, pessoas ignoradas e outras acolhidas. Está sempre de mãos dadas comigo. Às vezes, se mostra invisível, isolado em algum vácuo, imerso em sombrios pensamentos feridos e muito ofuscado por seu irmão mais novo, o futuro. Como de costume, o caçula sempre leva o caneco. Mas eis eu de cutucá-lo! Volta-se sem misericórdia contra mim. Frio, mostra-me os sorrisos que deixei de dar, os comprimentos que deixei de fazer, o vazio que permiti se expandir, o amor que deixei de doar. Faz-me chorar, oferece seu ombro ossudo, para que eu encoste a cabecinha nele, e me consola silenciosamente. Arrepende-se. Arranca-me um sorriso, e olhe lá, está começando uma gargalhada. Olho em seus olhos, e o abraço. Braços compridos envolvem-me por inteira, e me lembram de tantos outros afagos que dei e recebi. Seu sorriso fraco, me arranca gargalhadas como aquelas tardes de setembro, outubro, julho e tantas outras, de meses que nem me lembro. Seus cabelos loiros como trigo, lembram-me uma antiga amiga, Infância. Loira como o mesmo, o entregou a inocência de jogar-me poças de lama, lambuzar de sorvete, chupar os dedos sujos de chocolate, pentear o cabelo da primeira boneca. Imaginar. Amar sem medo, sem pensar em receber. Entregou a ele também seu fim, tão doce, e ao mesmo tempo tão inesperado. O primeiro beijo, o primeiro ciúme, o primeiro porre, o primeiro desejo. Paixão. Luxuria. Minutos de Carência física. Amor.

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