domingo, 20 de junho de 2010

Chess's Moon

Levei uma mecha de meu cabelo ao nariz. Cereja, de novo. Praguejei as indústrias de cigarro por nunca cogitarem um cigarro de morango.
Um mês de castigo, por atrasar cinco minutos, imagina, que audácia, uma noite fora! Mas, por isso existem janelas.

- Louise, ta falando comigo? - Damian encarou-me com seu típico sorriso de porre. Atrás dele, a meia lua sorria como Cheshire Cat. Chess, como eu o amo! - Louise?
Com certeza, pensara alto outra vez. Era inevitável, em todas minhas noites boêmias olhar para lua, e refletir sobre minha vida, meus pais, a sociedade injusta e taxativa, aquela pinga de rodoviária... Em voz alta.
- Queria poder tocar seu sorriso. - disse ainda admirando a lua atrás de Damian.
Ele, sem pestanejar, roubou-me um beijo. Seus lábios com o típico sabor de cigarro e chiclete de canela. Canela e cereja, que bela combinação.
- Vamos, tem que ir para casa. - puxou-me sustentando com seus braços compridos, minhas pernas trêmulas. Colocou-me em pé, e abraçou minha cintura, enquanto segurava uma garrafa de conhaque na outra mão. - Como você consegue ficar bêbada com tão pouco? - disse sorrindo.
- Você bebe desde os 12 anos. Tenho um longo caminho a seguir antes de chegar ao seu patamar. - é claro que metade disso saiu em palavras emboladas. Ele apenas gargalhou e acabou com o resto do cigarro em um trago.
- Herança de um pai alcoólatra. - sorriu com desdém enquanto a fumaça embaçava meus olhos - Você precisa mesmo de uma noite de sono.
- Não quero voltar para casa. - solte-me de suas mãos e bati os pés. Fazendo bico como uma criança que não quer comer verduras.
Ele pegou meus ombros com delicadeza e girou-me para um sobrado histórico coberto por hera. O prédio estava em decadência, e bom, era a casa dele.
- Não disse que iria para SUA casa. - Sussurrou em meu ouvido, enquanto me enlaçava pela cintura. Abri um sorriso, enquanto sorvia as primeiras de muitas outras cantadas que ouviria aquela noite.

7 comentários:

  1. *--* obgda , estou a seguir tambem , escreves belissimo!! beijos flor :*

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  2. Histórias impecáveis, sempre!
    "Era inevitável, em todas minhas noites boêmias olhar para lua, e refletir sobre minha vida, meus pais, a sociedade injusta e taxativa(...)"
    Me identifico cada vez mais (:

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  3. Wow, gostei muito do texto e do desfecho dele *-*

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