quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desvio Contextual

O tagalerismo é um mal evidente em minha cidade. Você não consegue ficar mais de 5 minutos em algum local público sem ser abordado por um conterrâneo que automaticamente vai começar a jogar conversa fora com você (quer você queira, ou não), emendando um simples comentário sobre o clima com qualquer outro assunto que possa sustentar um papo furado. Se você obedece piamente ao conselho materno "Não converse com estranhos", Cambuí não é um lugar indicado pra você. Aqui, acredite, mineiro não come quieto.

Se a tagarelice pode ser associada as demais cidades pequenas, a característica de se descolar abruptamente de um assunto X para um WRE julgo ser exclusivamente cambuiense. E venho notando isso à um muito tempo, quando um amigo paulista comentou como era difícil concluir um assunto em uma conversa nossa. No meu grupo de amigos, pelo menos, você pode começar falando de política e terminar comentando sobre seu sabor preferido de pizza. Ou sobre sorvete. Ou que a maioria das pessoas não come a massa da pizza de sorvete. Nem alienígenas. Aliás, você acredita em vida fora da Terra?

Esse transtorno está tão enraizado em minha formação genética e psicológica que anda se manifestando de várias formas, incluindo na escrita. Visto assim, posso associar o fracasso de minha redação no Enem ao hábito de fugir desesperada e loucamente, para as colinas e como se não houvesse amanhã, do tema proposto. Isso acontece desde que comecei a escrever, com certeza vai continuar acontecendo por um bom tempo e há menos que inventem um protótipo de "penseira" robótica (e que consequentemente seria proibida durante o Enem) vai me acompanhar como uma sombra pelo resto de minha existência.

Ultimamente ando tentando corrigir esse desvio contextual, no entanto são frequentes lapsos de memória ou o gaguejar no meio das frases que eu acabo interrompendo na metade pois perco o raciocíneo da coisa... Como no Enem.


É o que há.

7 comentários:

  1. Bem vinda a minha lista dos que futrico... adoreiiiii, vou continuar a vasculhar seus escritos. -->http://ziecamaleao.blogspot.com/

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  2. Sempre me disseram que eu vou me dar bem na redação do enem, mas eu não sei. A probabilidade de eu me revoltar contra o tema e escrever outra coisa completamente diferente é enorme.
    Eu sempre ponho em prática esse conselho materno, um dos únicos conselhos maternos que não são absurdos ou exagerados - a verdade é que eu não sou muito simpático, odeio puxar assuntos com estranhos (principalmente quando esses estranhos estão no ônibus às 7h da manhã)

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  3. Nossa me identifiquei com você, eu por morar em sampa sinto as vezes uma certa necessidade de conversar com alguém no busão ou trem.
    Depois de um dia corriqueiro e tedioso, eu quero falar com alguém kkkkk (isso acontece de vez em quando kk) Podemos chegar na conclusão eu sou CARENTE kkkk.
    Eu tenho a simples capacidade de falar sobre a biogeocenose e com um picar de olhos já estou falando sobre a bunda do meu vizinho, incrível né? kkk

    Haa.. eu ti convido a curti a pagina do meu bloguito no face : https://www.facebook.com/pages/Minha-forma-de-Express%C3%A3o/226848384012472

    Beijos.

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  4. Adorei o texto querida! Muito mesmo, acho que um dos melhores que já li aqui! Seguinte: Sem stress com isso de mudar de assunto. Pra textos que você deve prender a atenção do leitor, nada como uma miscelânia de assuntos! Desde que não seja algo exageradamente fora do contexto, fica divertido e dinâmico! Mas esse problema com o tema do enem... é mesmo um problema. Temos que saber quando soltar o verbo, e quando limitá-lo também! Mas ótimo texto e ótima abordagem temática (= Adorei mesmo! Um beijo amada
    @biacentrismo

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  5. Sabe, só sou tagarela quando estou entre amigos. Se tratando de desconhecidos, costumo ficar na minha. Adorei o texto!

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  6. Ah sim, a vida em cidade pequena deve ser ao mesmo tempo o inferno e o céu... Em cidade grande a gente não tem tempo pra parar e jogar conversa fora, acho que isso pode causar doenças, sei lá.
    Quanto a redação do Enem, poxa, fugir do tema é normal, como você disse, as vezes a gente começa a escrever e quando vê já não está falando nada com nada. Em textos livres isso até é legal, mas quando se trata de um concurso, tudo muda. Se aceita um conselho, o segredo é treinar milhares de vezes... Treinei esse ano todo, mas acho que não foi o suficiente. Pelo que eu ouvi, também fugi do tema. Tamo junto nessa. KKK Boa sorte pra gente.
    Beijo.

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  7. Eu costumo pensar que a escrita é uma tela. Da mesma forma que o pintor tem sua tela e desenha aquilo que bem entende, assim acontece com a gente, que somos escritores de forma formal e informal. Na formal, é considerado tudo aquilo que escrevemos. Informal, o que falamos. Existem muitas pinturas abstratas que são as mais famosas do mundo e, existem pinturas concissas que ninguém sabe da existência.

    O fator crucial disso tudo é ser do seu jeito. Mesmo que haja uma vontade imensa da troca de assuntos, a perspectiva que apoiam sobre você é maior. Quanto mais se troca de assuntos, teoricamente, é porque você compreende mais aprendizados e consegue transformá-los em assuntos de conversas e isso é legal. Você é uma pessoa aberta e consciente. Isso é o mais importante.

    Deixo-lhe meu abraço. Com muito carinho,
    Pedro

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