quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Matador de Lobos

Uma sucessão de coincidências me levou a quem seria meu vampiro favorito de todos os tempos.

Em uma noite aleatória e fria do ano passado, ao voltar irritada para casa me amaldiçoando por não ter ficado em baixo da coberta comendo porcaria, liguei a TV no Sbt, onde por acaso passava “Entrevista com o Vampiro”. O filme já estava no meio quando comecei a assisti-lo, mas sua metade foi o suficiente para melhorar meu humor.

Fiquei maravilhada com a fotografia, o figurino e com enredo o qual não se resumia em um clichê de ação e vampiros, mas algo mais filosófico, com personagens complexos e profundos. Como não se encantar com Claúdia, a criança vampira dotada de inteligência e crueldade adultas, carregando a frustração de não poder crescer fisicamente? Havia também Louis, um gentleman transformado em imortal, sofrendo eternamente com sua irresistível e impiedosa sede de sangue, buscando exaustivamente informações sobre a origem de sua espécie. Contudo, não há como negar que a cena e meu coração foram roubados por um personagem em especial: Lestat.

Depois de muito procrastinar minha leitura de “Entrevista com o Vampiro”, resolvi fazê-la por E-book e imaginem a minha surpresa, ao descobrir que o link escolhido trouxe inusitadamente o segundo livro da série “Crônicas Vampirescas”, chamado “O Vampiro Lestat”. Que posso eu contra o destino?

O livro narra a vida mortal e imortal de Lestat di Licordine, sua eterna caminhada em busca da verdade sobre a origem do “Dom das Trevas”, por outros que também o carregam e por uma razão para continuar existindo através dos séculos. Se por esta vaga sinopse você prevê mais um clichê bobinho sobre vampiros, pode se considerar tremendamente enganado.

Primeiramente, devo destacar o poder que a escrita de Anne Ricce tem de nos prender. A riqueza de detalhes empregados na descrição física e psicológica dos personagens, nos pensamentos e sensações experimentadas por eles – afinal, falamos sobre seres com sentidos muito mais aguçados que os humanos – e no plano de fundo no qual suas jornadas se cruzam, pode tornar a narrativa confusa e um pouco cansativa. Contudo, esse excesso literário é o responsável por aproximar de forma única o leitor da obra, trazendo-o para dentro dela.

Anne também se preocupou em criar uma base histórica, supostamente resultada de uma grande pesquisa, para sustentar o núcleo fantástico. Como minha leitura coincidiu com as aulas sobre o regime absolutista francês, sobre o iluminismo e a revolução burguesa, pude ver o quanto de informações presentes na minha apostila de história também estavam no início do livro, onde Lestat, ainda humano e jovem, não passa de um nobre agricultor revoltado com o conservadorismo e com a monotonia da vida no campo. Conhecido em sua aldeia por seu espírito rebelde e impulsivo, Lestat durante uma caçada enfrenta uma matilha de lobos e a extermina, façanha que lhe rende o apelido de “Matador de Lobos”.

Porém, a vida nos campos da França não possuía desafios o suficiente para alimentar a alma aventureira de Lestat. Além disso, o jovem já estava saturado com a ignorância de seu pai e seus irmãos mais velhos e era nos raros momentos de sensibilidade de sua mãe, Gabrielle, nos quais ele encontrava consolo. Influenciado pelos conselhos dela, decide fugir para Paris com Nicholas, seu melhor amigo e filho deserdado de um burguês, onde ambos encontram na arte – Lestat começa a atuar e Nicholas a tocar violino em um pequeno teatro – uma felicidade até então inédita em suas vidas.

Seu desempenho como ator e seu curioso apelido “Matador de Lobos” foram os responsáveis por torná-lo digno do “Dom das Trevas”. Ou pelo menos foram as motivações de Marius, um poderoso e antigo ser imortal, que encantado com uma apresentação de Lestat, decide sequestrar o jovem e transmitir a ele, sem dar-lhe o direito de escolha, o legado de seus poderes.

Após o ritual suicida de Marius, Lestat, perturbado com a situação inusitada em que foi metido e espantado com seus novos sentidos, se vê cercado de tesouros deixados por seu “criador”. Desta herança usufruí para começar uma longa jornada de viagens e pesquisas a qual o levaria não só até "congregações" de vampiros e seus rituais seculares, mas também ao encontro de imortais tão antigos quanto seu criador, responsáveis por lhe contar que o rastro do "Dom das Trevas" não é recente, marcando tanto o Império Romano como também o Egito Antigo em decadência. Contudo, o propósito de Lestat não se resume em apenas encontrar informações sobre a origem da raça vampira. O jovem imortalizado busca também o sentido da vida humana e de um motivo para manter sua existência através dos séculos, do real significado do Bem e do Mal.

Poderia citar mais um milhão de detalhes e trechos relevantes e encantadores. No entanto, além de prolongar ainda mais o post também estaria privando-os de se envolver completamente com esta ficção mágica, extremamente sensual e bem formulada, como me envolvi. Só posso lhes garantir uma coisa: “O Vampiro Lestat” será um dos livros que irei reler um milhão de vezes, e terminá-lo com a mesma sensação de estupefação e encantamento da primeira leitura.

7 comentários:

  1. Uma das coisas bacanas dos livros da A. Rice é a rica pesquisa que ela faz, é quase uma viagem história pelos lugares.
    Eu assisti Entrevista com vampiro nos anos 90 era uma febre entre as meninas, assim como é Crepúsculo hoje em dia =)
    Bjus

    Rafa
    Rafaelando

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  2. Sempre tive vontade de assistir esse filme mais nunca vi
    agora voce me deixou na vontade
    vou baixar pra ver!

    Beijos

    http://www.jessicarcoelho.com/

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  3. Que vampiro lindo DHAUDSH Enfim, sempre citam esses livros quando é para criticar Crepúsculo etc, dizendo que os vampiros de Anne Rice são vampiros de verdade. Bater na Stephanie Meyer é facinho, mas realmente me parece que esses livros são muito bons.

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  4. Gostei do enredo de "entrevista com o vampiro" e adoraria ter lido o livro - que está esgotado no Brasil há muito tempo. Mas, apesar de ter amado o enredo, a "personificação" vampiresca não me convenceu. Tentou ser sensual, mas ficou muito "desmunhecado". Nada contra, só achei que não era essa a intenção da película. Enfim, a história realmente prende e, com a overdose atual de vampiros sem sentido, esse ainda continua sendo o meu filme de vampiro predileto também.
    Abraços.

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  5. faz um século que não assisto filme. uma coisa me deixou instigada: se você gostou,não pode ser ruim.pelo contrário,deve ser bom! fiquei aqui,pensando em como conseguir o livro *-*
    ~b l o g~ • • • FanpageTwitterGoogle+

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  6. Adoro ''Entrevista com o vampiro'', é um dos melhores filmes que ja vi

    http://arquivosdevelyn.blogspot.com.br/

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  7. Tá sumida, tudo bem por ai? Saudades dos seus posts ;)
    Bjus

    Rafa
    Rafaelando.com

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