segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Um corajoso conto de fadas

Sou sentimental e adoro um bom filme. Seria o suficiente para qualquer melodrama bem feito me arrancar algumas lágrimas, porém, mesmo me emocionando facilmente, preciso que haja algo inexplicável na trama, capaz de agitar profundamente meus sentimentos e transformar a emoção em pranto. Inusitadamente, isso aconteceu segunda-feira passada, quando, segurando o choro, terminei de assistir Valente.

Primeiramente, devo mencionar que em boa parte de minha infância tive como companhia a “Sessão da Tarde” ou livros de fábulas infantis, possível justificativa para o meu deslumbre pelo “surreal” e “fantástico”, e por minha paixão obsessiva por contos de fadas. Certamente trocaria qualquer filme cool - com merecido prestígio - por um clássico da Disney.

Há um bom tempo não assistia uma animação, sendo Valente uma maravilhosa mudança de planos na minha rotina pseudocinéfila. Recuperei, na confusão causada por esta cativante princesinha ruiva, não só o ânimo esgotado pelas agitações de 2012, como também um gostinho de infância, cujo sabor havia quase esquecido.

Girando em torno de costumes guerreiros medievais, como disputas matrimoniais, o enredo também abre espaço para um fundo levemente dramático, transmitindo importantes lições sobre o relacionamento de mãe e filha. Elinor, a rainha, se esforça ao máximo no preparo da filha para suas responsabilidades de futura monarca, enquanto Merida, uma geniosa princesa de cabelos rebeldes e maravilhosos, faz questão de evidenciar, o tempo todo, sua falta de vocação para o futuro sonhado pela mãe. Independente, aventureira, tendo como seu maior divertimento cavalgar pelos campos da Escócia e como paixão praticar arco e flecha, obrigações reais – como escolher um marido – nem passam pela cabeça da ruiva.

As discordâncias são tantas a ponto de motivar a fuga de Merida, da qual é decorrente seu encontro com uma cômica bruxinha, responsável por envolver mãe e filha em uma jornada emocionante e cheia de confusão. Soou-me muito familiar o relacionamento da princesa com a rainha, visto que sou extremamente próxima de minha mãe e possuo uma personalidade completamente diferente da dela.

Como toda boa animação, humor não poderia faltar, ficando as cenas mais divertidas por conta dos seguintes personagens secundários: Fergus, o rei guerreiro e bobalhão, os príncipes trigêmeos, cujas artimanhas colocam o castelo de pernas pro ar, e por último, não menos importante, porém raramente presente, há uma medrosa serviçal com aparições que rendem boas risadas.

Interessados em batalhas e sequencias de lutas podem terminar o filme decepcionados, pois este quesito deixa muito a desejar. Contudo, o que falta de ação sobra na caracterização dos personagens, cujas feições, embora caricatas e exageradas, se apresentam espetacularmente humanizadas e realistas em certos momentos.

Com o intuito de aproximar os contos de fadas do cotidiano atual, a proposta da Pixar era mostrar uma princesa guerreira, fugindo do clichê “donzelas indefesas, aprisionadas em torres altas vigiadas por dragões”. O que para boa parte das neo-feministas foi um fracasso, devido ao uso do vestido (vestimenta convencional das mulheres medievais) e da falta de cenas de ação com Merida.

Para mim, que não tenho muita paciência para radicalismos ideológicos, a animação foi uma bela demonstração do “Femme Power” pela audácia, força e determinação demonstradas pelas personagens femininas. E como toda grande fábula, Valente não deixa de transmitir ensinamentos extremamente valiosos para essa nova geração de pequenos (ou grandes) expectadores.

9 comentários:

  1. Acredita que nunca assisti esse filme? Acho que por preguiça e um pouquinho de medo mesmo...

    Também adoro animações e elas sempre estiveram sempre presentes na minha vida mas, ultimamente, estou me decepcionando muito com as mais recentes. De um tempo pra cá preferi deixar na minha memória nostálgica apenas aqueles mais antigos que tenho certeza que a qualidade é excepcional.

    Depois dessa resenha, como não morrer de vontade de sair correndo assitir? É bom ver que, mesmo em uma época que as crianças estão cada vez menos dando atenção à esse tipo de filme, podemos desfrutar um com uma boa qualidade!
    Farei questão de assitir!

    E eu ficaria lisonjeada em ser linkada por você! Você já está no meu e fiquei muito feliz por você ter gostado da minha escrita! Muito obrigada, isso significa muito!

    Beijão! :*

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  2. Sinceramente, eu não gosto de animação. É muito raro, eu assistir a alguma. E nessas raridades, eu acabei conhecendo "Valente". E por incrível que pareça, acabei curtindo. Principalmente por dois fatos que você ressaltou no texto: aproximar o conto de fadas ao cotidiano real, apresentando lições a partir desta artimanha; e mostrar o valor e o poder feminino, mesmo.

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  3. Esse filme é muito bonitinho. Achei diferente de todos os outros contos de fadas, e quem viu sabe por que. Mas nem por isso deixa de ser uma história linda, com uma linda moral. Gostei muito do filme porque ele meio que deixa de lado aquela velha ladainha de amor eterno, felizes para sempre, etc. Me dá a impressão, ao final, de que essa acontecimento na vida de Merida não foi o último, parece que ela ainda viverá outras coisas, diferente de contos de fadas "normais"... Não sei se deu pra entender o que quis dizer. UHDUIHSADI

    Beijosss :D

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  4. Ainda não vi esse filme, parece ser bom! rs

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  5. Ainda não vi, mas quero muito ver. Adoro animações.

    Atualmente, tô querendo muito ver: Detona Ralph.

    Mas meu preferido mesmo é "Meu malvado favorito"

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  6. Que máximo! Dificilmente tiro um tempo para assistir animações, são tantos filmes que quero ver que acabo esquecendo dos "desenhos" rs Mas fiquei com vontade de ver esse *-*

    help-adolecentro.blogspot.com.br/

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  7. Ai muita vontade de assistir esse filme! Adorei a primeira imagem!
    Boa noite! Um grande beijo!
    yarasousa.blogspot.com.br/

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  8. Não sou muito de querer ver animações no cinema, mas fiquei muito triste por não ter ido conferir esse e Hotel Transilvânia (ou algo do tipo). Sou completamente apaixonada pelos cabelos dessa criatura, e os irmãos dela são as coisas mais fofas desse universo, e eu choro muito fácil com animação, gente, é ridículo. Desidratei com Como Treinar Seu Dragão, até hoje fico emocionada com aquele final, mas enfim.
    Como eu não espero cenas de batalhas e coisas do tipo, acho que vou gostar, e minha vontade de vê-lo voltou. <3
    Ah, bea, te indiquei um meme, caso queira fazê-lo tá aqui o link: http://mineentrelinhas.blogspot.com.br/2013/01/campanha-de-incentivo-leitura.html Beijo!

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  9. Não dava nada por esse filme, mas essa resenha me despertou uma grande curiosidade de assisti-lo. Não soou fã de animações, mas parece ser um filme bonito, fofo! *-*

    Beijos
    www.carolinecuri.blogspot.com

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