domingo, 24 de março de 2013

Quero dormir Holly e acordar Amelie

Qualquer pessoa com o mínimo de interesse verdadeiro por cinema já provou de uma admiração tão incrível por personagem X, a ponto de querer se transformar nele, adotar inconscientemente alguns traços de seu comportamento, e se necessário, criar mentalmente um final alternativo para um infortuno destino que este possa carregar.

Quando Audrey Hepburn atravessou a 5ª Avenida comendo pão doce, vestida no eternizado “pretinho básico” by Givenchy, as cinco e meia da manhã, não sabia que sua caminhada em frente a Tiffany’s seria posteriormente parodiada inúmeras vezes, por atrizes lisonjeadas em refazer tal percurso. Provavelmente, ao criar Holly Golightly, Truman Capote não ambicionava um personagem épico, e Blake Edwards, personificando a jovem garota de programa na figura de Hepburn, não pretendia fazer dela um ícone de estilo e feminilidade.

Porém, a magia aconteceu, e Holly, em pleno século XXI, consegue nos deixar estúpidos de encantamento.
Encanto é justamente o sentimento despertado por personagens como Miss Golightly. Uma mistura de singularidades com clichês, inquestionáveis até pelos mais moderninhos, faz de Holly um poço inesgotável de inveja e admiração para as mulheres, e um colírio para os olhos masculinos.

Analisando esse barato cor-de-rosa provocado por certas pessoas fictícias, concluí que, se há um sucessor do “efeito Golightly”, este não seria produzido por outra se não Amelie Poulain. Embora não a considere meu desempenho favorito de Audrey - abençoado nome - Tautou, é impossível não se envolver pelas singulares características da francesa.
Sutileza, é talvez a essência do encantamento de Amelie. Com seu jeito provinciano, recatado, despretensiosamente misterioso, desperta nossa curiosidade, nos impulsiona a desvendar sua personalidade sonhadora, seu empenho em encaixar miudezas maravilhosas em seu corriqueiro dia-a-dia, sua vontade de preencher com “pequenos prazeres” aquele imbatível vazio que abraça a alma humana, quando esta abandona a infância. Como um amigo sabiamente destacou, a atriz, ao assumir o papel, o faz tão intensamente, a ponto de parecer assumir a si mesma. Audrey sendo Amelie é Audrey sendo Audrey. Por mais pseudo-cult que possa soar.

Terminamos "Breakfast at Tiffany’s" cantarolando Moon River, com vontade de recolher da rua um gato sem dono e nome, procurando por um lugar para ser nossa “Tiffany’s” e alguém para “pertencer” (de preferência um vizinho bonitão, charmoso e escritor). Amelie, por sua vez, direciona nossa atenção para as pequenas delícias da vida - como enfiar a mão no saco de grãos ou quebrar a casquinha do creme brulee - , mostrando que a magia decorrente da troca mútua de gentilezas é capaz de deixar nosso “destino fabuloso”.

Bom dia

5 comentários:

  1. Poxa, eu prefiro mil vezes Amelie.
    Mas apesar de a Audrey ser linda e encantadora, eu ainda sou apaixonada por Monroe! *-*

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  2. Que coisa mais querida esse texto! ♥
    Ah, Holly é muito encantadora, mas Amelie tem aquilo que vejo em falta por aí. As duas se complementam na verdade. Quem - ai vê-las - nunca desejou ser uma misturinha delas por aí?

    Kissus!

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  3. Nunca vi nenhum filme delas, mas pelas fotos e texto é de se encantar *-*

    Adolecentro

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  4. Achei Amelie super fofinha, mas nade demais, sabe? Mas entendo esse seu sentimento de admiração - já o senti incontáveis vezes...

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  5. Oi, meu blog foi indicado a participar de 2 selos, que no qual eu tinha que indicar blog e eu indiquei o seu. Se gostar do selo, participa e me manda o link XD. O link do meu blog: http://refugionofimdouniverso.blogspot.com/2013/03/selos-liebster-award-e-versatile.html Comenta lá!
    Abraços, Gabriel S.

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