domingo, 26 de maio de 2013

A mergulhada

• ESTA RESENHA CONTÉM SPOILERS •

Ando mais atarefada, preguiçosa e procrastinadora do que o habitual, possível justificativa para minha demora em terminar uma leitura tão pequena, mas de conteúdo inesquecível, digno de ser devorado em dias: O diário de Anne Frank.

Para fugir dos campos de concentração, a judia, aos 14 anos, “mergulha”* com a família e mais um grupo de perseguidos – os Van Daan e o dentista Dussel - em uma espécie de porão, localizado nos fundos de um armazém: o “anexo”.Num ambiente privado das comodidades de sua vida anterior e de liberdade, a pequena tem de suportar não só o terror dos tempos de guerra, como também as tradicionais angústias e encanações trazidas por um furação chamado puberdade.

Ocupados com os malabarismos necessários de uma vida clandestina, com a missão de manter as duas filhas vivas – Margot e Anne – e tendo de relevar os conflitos entre membros do anexo, o casal Frank acaba por demostrar, involuntariamente, uma falta de jeito para lidar com o gênio forte da caçula. Por outro lado, a dedicação e apoio entre os Frank são inegáveis, principalmente quando se trata da terna relação de Anne e seu pai, Pim, que é para menina consolo e exemplo a ser seguido.

"O Pim é o mais modesto de todos à mesa. Olha primeiro à sua volta, a ver se os outros estão bem servidos. Não necessita de nada em especial e tudo o que é bom vai para as filhas. É o exemplo da bondade e da grandeza de alma..."

Da necessidade de mascarar sua carente e fragilizada personalidade interior, tão oposta à espevitada e tagarela adolescente que representa, decorre o súbito e prematuro amadurecimento de Anne. Construído gradativamente, seu apreço pro Peter, filho dos Van Daan, também resultante da necessidade de compartilhar sentimentos e deixar-se conhecer, visto que o tímido rapaz é tão precisado de apoio quanto ela. Juntos, protagonizam um dos romances mais bonitos que já li.

"De manhã até à noite não posso pensar senão no Peter. Adormeço com a sua imagem nos olhos, sonho com ele e quando acordo sinto o seu olhar em mim."

Anne, dotando de uma sensibilidade aguçada, consegue com sua narrativa fazer com que o leitor experimente as sensações de um regime político assustador e desumano. Conjuntamente, transbordando lirismo e sabedoria, a menina faz de acontecimentos triviais de seu monótono cotidiano, passagens cômicas, divertidas e poéticas.

"Comemos papinhas com morangos, soro de leite com morangos, pão com morangos, sobremesa de morangos, morangos com açúcar, morangos com areia... Durante dois dias os morangos andaram a dançar por toda a parte : morangos, morangos, morangos."

Além da liberdade, Anne desejava tornar-se jornalista e entrar para a história. Suas primeiras ambições não vingaram, porém, com suas palavras, presenteou a literatura mundial com um dos mais emocionantes relatos sobre uma época em que medo, revolta e esperança, se misturavam nos corações da Europa.

6 comentários:

  1. Adorei ler sobre esse livro! Fiquei com medinho de ler por causa dos spoiler, maaaaas achei que os foram leves. HAAHA
    Tenho muita vontade de ler esse livro, sempre falo que vou emprestar pra ler da minha amiga, mas por falta de tempo eu esqueço mesmo. Mas um dia vou ler *-* HAHAH
    :*

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  2. O diário de Anne Frank é sem duvidas um dos meus livros favoritos ^^ sua resenha ta muito legal, Bjos!

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  3. Gostei da resenha e me interessei pela história. Já tinha ouvido falar bastante, mas nunca peguei pra ler. Acredito que unir os conflitos adolescentes à situação da menina, deve ser muito produtivo e exótico.

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  4. Já li esse livro e realmente é fascinante! Recomendo muito. Amo qualquer leitura que envolva a Segunda Guerra Mundial, tanto que meu livro favorito de todos os tempos é nada mais - nada menos que "A menina que roubava livros". haha

    Beijos! <3
    http://www.quaseatoa.com/


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  5. Nunca li esse livro por completo, somente alguns trechos que vejo por aí. Mas só de ler os fragmentos fico encantada!

    http://meninaencanada.blogspot.com.br

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  6. Eu amei esse livro. Fiquei fascinada com a história da Anne Frank e todo o holocausto quando o li, pesquisei imenso sobre o assunto depois. Foi uma época tão triste... :s

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