terça-feira, 25 de junho de 2013

Balé de Emoções

• Essa resenha contém spoilers •

O balé remete a mim, o contraste da delicadeza de movimentos com a magnitude da estrutura das apresentações, a precisão e o rigor da técnica, que ambicionam produzir um espetáculo perfeito. Como encontrei todos os requisitos citados em Sapatinhos Vermelhos, não poderia deixar de considera-lo o melhor filme que já assisti sobre o tema.

No espetáculo de balé que abre a estória encontram-se Victoria Page, Julius Craster e Boris Lermontov, triângulo amoroso em torno do qual a trama se desenvolve. Boris é arrogância e a pretensão em pessoa, mas a companhia de ballet que dirige, notável pela qualidade de suas apresentações e pelo talento de seus integrantes, lhe confere respeito social, admiradores e muita bajulação.

O diretor acredita que uma bailarina perfeita vive unicamente para o exercício e aperfeiçoamento da técnica, renunciando à anseios e experiências de uma “mulher comum”. Só aceita a naturalmente talentosa Victoria em sua equipe, após a moça lhe responder a seguinte questão: “Você quer viver, ou dançar?”. Apaixonada por balé, Victoria sem nada ponderar escolhe a segunda opção. Boris se propõe a treiná-la até fazer dela uma exímia bailarina, acabado por criar, durante este processo, um afeto além do de mestre e aluna.
Contudo, suas primeiras e segundas intenções são atrapalhadas pelo romance que nasce entre Victoria e Julius, um jovem compositor cujo súbito sucesso foi consequente do patrocínio de Boris, ao lhe confiar a tarefa de criar melodias e reger a orquestra da companhia.

Supondo que músicos e bailarinos possuem uma tendência a gestos exagerados e um comportamento teatral, a atuação fica marcada por uma expressões cômicas, tornando os personagens cativantes e muito interessantes. A russa Boronskaja, a qual Victoria sucede na função de prima-bailarina, é cheia de caras e bocas, trejeitos exagerados e um divertidíssimo sotaque, sendo a responsável pelo humor do filme, ao lado do excêntrico professor Ljubov.
Moira - invejável cabelo ruivo - Shearer, como Victoria, transmite perfeitamente as dificuldades cotidianas de uma bailarina, que se multiplicam quando se vê obrigada a escolher entre viver seu romance com Julius ou continuar na companhia de Boris, que, possesso de ciúmes, demite o músico. As poucas cenas românticas do casal evidenciam uma química incrível entre os atores, e arrisco dizer: A cena em que em Boris impõe à moça sua difícil condição, levando-a a um surto desesperado e uma atitude irracional, consegue emocionar até o mais exigente e racional dos cinéfilos.

Tido como um dos filmes coloridos mais bonitos de todos os tempos, o aspecto visual da obra é encantador. O tom amarelo da fotografia, típico de filmes antigos, faz contraste com o vermelho, que invade o cenário, os figurinos e na forma de sapatilhas, os pés da protagonista. A coreografia dos bailarinos, a deliciosa música instrumental e montagens de câmera, primitivas, porém de efeito incrível, fazem da apresentação onde Vicky estreia – na qual dança o balé que intitula a obra – a cena mais bonita do filme.

Sapatinhos Vermelhos nos surpreende do começo ao fim, devido ao brilhantismo do elenco, a riqueza dos cenários e figurinos, a perfeição das coreografias e principalmente, ao seu final inesperado. O qual eu pertinentemente não irei denunciar, pois privaria vocês, queridos leitores, da chance de se apaixonar por esse espetáculo de sensações.

8 comentários:

  1. Que comentário bonito e delicado! Não conheço Castro Alves, vou já dedicar-me a essa pesquisa :)
    Espero que voltes a visitar o meu cantinho, serás sempre bem vinda! Um beijinho *

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  2. Muitos anos atrás, assisti a um filme, "Sob a Luz da Fama" (cujo elenco tem Zoe Saldaña e Alicia Silverstone), uma obra linda (tá bom vai, "Cisne Negro versão fofinha")que contava a história de uma companhia de ballet nos EUA, com uma grande estrela bulímica e problemática, enquanto Zoe saldaña tinha seu talento ofuscado, principalmente por ser negra. Vale à pena. Eu amo filmes sobre ballet, sobretudo porque abandonei essa arte repleta de sacrifícios. Mas ainda fico encantada com tamanho universo.
    Abraços.

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  3. Ai meudeus, que resenha linda, quero ver esse filme jáaaa.
    Adoro triângulos amorosos e filmes antigos! HUAHUA
    :*

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  4. Gente que lindo! Desejei mesmo *-* Já vou achar um jeito de assistir.
    Passando para desejar uma ótima quinta feira.
    Beijo grande;
    yarasousa.blogspot.com.br/

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  5. O ballet é um verdadeiro sincretismo de movimentos e de sensações. É uma dança que, evidentemente, mexe com qualquer espectador. E, pelo que relatou na sua resenha, o filme retrata a dança como um estilo de vida.
    Embora não tenha muito contato com filmes e apresentações do tipo, me interessei por este. Deve ser encantador.

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  6. Ballet é de uma leveza sem igual, onde em apenas gestos silenciosos se transmitem muitas coisas, é uma sintonia de gestos que emocionam o público e trás um pouco de paz, já que leveza e paz são coisas que costumam a andar de mãos dadas.
    Já ouvi falar maravilhas desse filme, preciso vê-lo .

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  7. Oi
    bom, eu sinceramente gosto muiito deste blog por estar sempre indicando coisas boas.
    preciso dizer que, se tiver algum blog como o seu pra indicar, ficaria satisfeita
    assim como preciso assistir esse filme em breve.
    Obrigado por existir, sério ♥ HDOISAHDOASO bj

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  8. Olha, não sou uma fã da dança em especial, mas sou uma fã da arte e, principalmente, sou uma fanática pela paixão. Aquela paixão acima de qualquer coisa, inclusive da vida. Seja essa paixão por alguém, ou por algo. No caso, a dança.
    Sapatinhos Vermelhos me ganhou no momento em que li a pergunta "Você quer viver ou dançar?". Assistirei sem sombra de dúvidas. Obrigada pela dica!

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