terça-feira, 9 de julho de 2013

Poetas no deserto

Até algum tempo atrás mantive uma implicância inexplicável para com The Doors, torcendo o nariz sem motivos, embora Roadhouse Blues – um dos hits de maior sucesso da banda – seja uma das músicas que mais marcaram meus rolês pseudo-underground por Cambuí city. Contudo, há alguns fins de semana atrás fui a um show de uma banda cover da trupe de Morrison, arrastada por dois amigos muito fãs da mesma, e que antes da apresentação ficaram tiêtando o filme que narra sua trajetória, despertando minha curiosidade sobre ele.

O bom e velho rock’n’roll é meu gênero musical favorito, e minha paixonite foi bem escancarada na resenha que fiz sobre Quase Famosos. Me encanto pelos conflitos de ego, dificuldades financeiras de início de carreira, problemas com narcóticos e desvios psicológicos que envolvem as misteriosas criaturas que figuram os bastidores do meio, e a obra de Oliver Stone dá ênfase especial a estes aspectos.

O enredo nos mostra a ascensão e o término da banda, desde sua formação até a morte de seu vocalista. Jim, um rebelde de inteligência aguçada e muito jeito com palavras, volta de uma temporada no deserto, onde teve, ainda na infância, seu primeiro contato com a morte, tema favorito do músico e que durante todo o filme é personificada na figura de um “xamane” (feiticeiro indígena norte-americano, o que em nossa cultura é equivalente ao pajé).

Decorre desse isolamento não só sua nova perspectiva da realidade, como uma mente turbinada de poemas, nos quais seu amigo John vê um grande potencial de composição musical, sendo este explorado com a formação do The Doors. Acompanhados de Ray e Robby, Jim e John começam a espalhar por arranjos psicodélicos uma ideologia hedonista, para sua geração contextualizada na guerra do Vietnã, sedenta de paz, amor e boa música.

É difícil ficar indiferente diante da pessoa conturbada do vocalista, tão fascinante em toda sua complexidade. O tipo de personagem que você gostaria de conhecer, presenciar seu cotidiano, mesmo que a distância, te fazendo questionar a todo o momento qual a fonte de sua invejável inspiração e de uma personalidade tão turbulenta. Seus discursos poéticos dotados de um incrível poder sedutor e influenciador, explicam a legião de fãs que o cultuam até os dias atuais, 42 anos após sua morte.

Contudo, a falha do diretor foi justamente dar uma ênfase tão grande à figura já marcante e exibicionista do vocalista, tratando a história dos demais integrantes e da banda em si com certa superficialidade. Ademais, por comentários do Filmow, percebi que os verdadeiros fãs dos Doors acham o persona de Morrison interpretada por Van Kilmer excessivamente dramatizada, quase caricata.

Se você é tão fanático por The Doors tanto quanto meus amigos influenciadores talvez seja melhor buscar por documentários ou adicionar When You’re Strange – filme tido como referência quando se fala da trajetória da banda - na sua lista de filmes para ver. Porém, se sua procura é simplesmente por um bom filme sobre rock, assista The Doors (1991) e o termine cantarolando Alabama Song, como faço nesse momento, interruptamente.

9 comentários:

  1. já tive uma fase the doors, e agora lendo o teu post interessantíssimo bateu a saudade.

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  2. Esse filme é muito bom! mesmo!
    outro que eu super indico é The runaways, garotas do rock.
    O rock tem boas histórias pra contar, se pega um diretor bom, fica muito legal.

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  3. Oi Bia tudo bem ? Olha comecei a curtir The doors graças a uma amiga minha que é apaixonada pelo Jim haha mas vou assistir.
    Passando para desejar um ótimo dia.
    Beijo grande.
    yarasousa.blogspot.com.br/

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  4. Cara, esse filme é uma pira! hauhau Peguei pra assistir e até hoje não sei qual é o final, pois dormi no meio do filme :T
    Mas The Doors é muito bom, porque toda essa implicância com a banda? :( HAHAHA

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  5. Acho rock interessante, mas só começo a escutar mais quando é o rock mais dark, com uma linha tênue entre separando-o da música gótica (Marilyn Manson, por exemplo). Falando nisso, adoro música dark, deste pop dark até rock ou hip-hop (sim, hip-hop dark existe, e é foda).
    Quase famosos é um filme muito muito muito bom, então não pude deixar de ler seu post sobre ele tb. Me deu vontade de rever, pq já fazem alguns anos desde que assisti.
    E sobre o The Doors, nunca vi o filme, mas curto algumas músicas. Conheço um cara totalmente obcecado pela banda, que mora no meu prédio. Pra vc ter uma ideia, o carro do cara é estilizado com o logotipo do The Doors nas portas. Maneiríssimo.

    obs: Preciso dizer que seus comentários no meu blog são muito bons, sério, sempre estão entre os melhores de cada post Rs

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Acho que os únicos filmes que assisti e que chegam perto dessa temática foram The Runaways e Across The Universe, nem tanto assim, como pode ver, mas Quase Famosos já está na minha lista dos que preciso ver há um tempinho. Também quero ver "Control - A História de Ian Curtis", mas não sei se chega perto. Talvez.
    O garoto de Liverpool também não vale né? Sou péssima. x.x
    Não sou a maior fã de filmes do tipo, nem configuro uma fanática por The Doors, mas fiquei interessadíssima em ver os discursos poéticos e sedutores do vocalista.
    Um desabafo: eu estou sempre aqui, embora minha rotina não me deixe, às vezes, ler tudo, ou soltar a matraca nesse espaço branco, eu abro essa página quase todo dia, senão todo dia, só pra ver se tem coisa nova, ou só pra ver, sabe? Tudo.
    Gente alterada: amo/sou
    Esse mês tá redecolo de coisa pra fazer. Inclusive, 2013 não tá me favorecendo.

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  8. Nunca fui fã de The Doors, sério mesmo, se eu conheço alguma musica deles, não faço nem ideia de que SEJA deles haha
    Porééém fiquei bem curiosa em relação ao filme. Vai que eu descubro que sou apaixonada pelo Jim UHUHSDUHFDSA


    Beijos
    www.procurei-em-sonhos.com

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  9. Olá, amei seu blog. Te indiquei lá na minha Fanpage:

    https://www.facebook.com/mulheremcrise?ref=hl

    Já sou sua fã aqui. Beijinhos ;)

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