Passarinho?! Que som é esse?

Não, eu vim falar sobre Castelo Ra-tim-bum.

Já fui alvo de olhares suspeitos por admitir que música não é tão essencial em minha vida. Calma, eu ainda consigo reconhecer o que há de bom no cenário musical e tenho uma banda favorita, porém, minha estima pela arte dos sons fica atrás do meu amor por literatura, desenho e cinema. Foi o acaso que me levou até Birdy e outros novos talentos pois, sinceramente, morro de preguiça de sair da minha zona de conforto sonora e buscar coisa nova pra ouvir.

Fiz ano passado cursinho pré-vestibular em uma cidade vizinha, e o pequeno percurso de 40 minutos se tornaria interminável sem meus fones de ouvido, que tiveram uma importância inédita durante esse período. Devo a um mp5 que uma amiga compartilha comigo a descoberta do single 1904, cujo clipe, por uma brilhante estratégia do acaso, já existia no aparelho quando ela o comprou.


Jasmine van den Bogaerde, que adota como nome artístico o apelido de infância, tem uma voz madura para sua pouca idade, compondo no piano - instrumento que aprendeu ainda na infância - músicas com um quê de pop rock, clássico e uma vibe meio coral de igreja vazia que se não fosse tão linda, seria até melancólica. Até seria, pois, dificilmente seu timbre exótico e suas melodias carregadas de sentimento conseguem outra coisa além de nos maravilhar.

Também não poderia deixar de mencionar a produção visual de seus clipes, composta por planos desfocados, sequências de cenas marcadas por cortes gradativos, bouquet de luzes, cores e a tonalidade envelhecida e fria da fotografia. Resultam em uma atmosfera vintage, underground e fantasiosa - se é que essas características podem ser correlacionadas - como memórias de transes bêbados ou sonhos.

Meu clipe favorito ainda é Light me Up, mas o figurino e o cenário de Wings o tornam visualmente impecável.

Alguns a consideram apenas mais um prodígio indie do cenário pop atual. Na minha opinião, contudo, vale a pena descobrir qual é o som desse passarinho.