quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Enquanto isso, na mente de Kubrick

OBS: Essa resenha contém um alto nível de spoilers e de tietagem  

  Christiane Kubrick, viúva de Stanley Kubrick, para o deleite de reles mortais fãs do trabalho de seu finado marido - como eu - encaminhou para fins “artísticos/democráticos” um acervo, pelo qual cinéfilos abastados desembolsariam uma boa grana para arrematar em leilões, composto por anotações, posters, storyboards, rabiscos, fotografias, documentos fiscais, roteiros e até figurinos, além de outros elementos utilizados durante a construção das obras do cineasta, transformando-o na Stanley Kubrick - The Exhibition, exposição que chegou ao MIS - Museu da Imagem e do Som, em São Paulo

  Infelizmente atarefada, só pude conferir a mostra no último domingo, cheia de visitantes que criaram uma fila gigante ao redor do museu, na qual eu esperei, duas horas, cansada, porém com expectativa de ter minhas expectativas superadas. E tive.

  Duas horas tornaram-se insignificantes perto da riqueza de conteúdo e da forma surpreendente, dinâmica e criativa como ele foi explorado, por 16 ambientes que compõe a exposição. Além de abrigarem objetos utilizados em cena, documentos técnicos e materiais de divulgação, as salas também foram tematizadas com elementos que se tornaram referência dos filmes de Kubrick, e de seu estilo único: crítico, irônico, original e "audio-visualmente" impecável.

  Na sala de Lolita, a atmosfera “American Dream” da adaptação do profano romance de Vladmir Nabokov é construída por paredes de renda, e gigantes óculos de sol em forma de coração, que recebem em suas lentes projeções de partes do longa. Já no ambiente de Eyes Wide Shut, ficamos diante de paredes de espelhos iluminadas a meia-luz, onde são penduradas máscaras venezianas, recriando o característico clima sensual, misterioso e macabro da última produção do diretor.

  Uma parede coberta por aparelhos de TV nos apresenta cenas de “Laranja Mecânica”. Nesse ambiente o prostíbulo onde ocorrem as reuniões de Alex D'large e seus droogs é reconstruído, com direito ao peculiares mannequins pálidos e o figurino do Molloko Vellocet exibido em uma vitrine.

  Certamente, o momento mais impressionante de toda exposição foi a área criada para abrigar “O Iluminado”. É impossível não se sensibilizar - e se amedrontar - com um labirinto de corredores soturnos, réplica perfeita do hotel em que a família Torrance se instala e se destrói. Cada “porta-de-correr” que marca os corredores guarda elementos do filme, como o figurino das gêmeas mais assustadoras da história do cinema e o machado utilizado por Jack Torrance.

  Embora tenha predileção pelos filmes mencionados, devo destacar que todos os demais ambientes da Stanley Kubrick - The Exhibition foram formulados para fazer o visitante se sentir dentro dos bastidores de um filme de Kubrick. Ou sendo mais exagerada e tiête, afirmo que são capazes de nos transportar para dentro da mente do diretor.   

8 comentários:

  1. Muito interessante essa sua descrição da exibição dos trabalhos de Kubrick, queria por ter visto tudo também.

    Thoughts-little-princess.blogspot.com

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  2. ai q lindo, queria muito ter tido o prazer de ver essas exposição! adoro os filmes dele *-*

    xoxo
    http://gipsyyy.blogspot.com.br/

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  3. Que incrível! Infelizmente, moro um tanto distante e não pude ir :(

    www.meninaencanada.com

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  4. Ai, deve ser um sonho! Aqui na minha cidade é uma roça e nunca tem nada, nunca vou ver essas coisas legais :(
    A sala de Lolita deve ser um sonho, fiquei in love só de ver. E o Iluminado então? HAHAHA QUERO IR!
    Não pode tirar foto em museu, né? (ou pode?) queria ver :(
    Beijos!
    http://canseidesernerd.com

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  5. Você descreveu a exposição tão bem que fiquei babando pra ver. E olha que eu não sou uma cinéfila muito boa. Na verdade sou péssima.
    Acontece que seu a impressão de que a experiência é infinitamente valiosa se você conhece bem a obra do Kubrick, coisa que eu realmente não conheço. Acho que dele só vi Laranja Mecânica mesmo. Vou tentar mudar isso esse ano.
    Beijo!

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  6. Morro de inveja de vocês de São Paulo. Os melhores programas culturais tão sempre aí. Fiquei extremamente chateada por não ter podido ir, principalmente porque estive na cidade, mas não deu tempo. A obra do Kubrick é maravilhosa e, das fotos que vi da exposição, as roupinhas das gêmeas de "O iluminado" foi o que mais apertou meu coração. Depois da sua descrição, eu acho que fiquei pior. haiohhaioha Deve ter sido fascinante ver tudo aquilo de perto. Fiquei sabendo que a próxima exposição é do David Bowie e já tô em desespero! Não sei como vai ser, mas se surgir qualquer oportunidade, com certeza estarei lá. rs
    Beijos :*

    creepy-littlethings.blogspot.com.br

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  7. Tô aqui imaginando essa expo! Invejinha de não poder conhecer.

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  8. caraca. morri de vontade de ver!
    até quando vai?
    sou fanatica por iluminado *-*

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