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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Discos de Vinil

Dois mil e doze, posto que relativamente distante de seu fim, conseguiu em oito meses e poucos dias ensinar-me mais do que alguns anos de minha vida. É de relevância a ideia de "deixar levar" a qual, durante estes oito meses, fui introduzindo gradativa e cautelosamente ao meu cotidiano, não podendo negar os benefícios por ela trazidos, embora meu instinto controlador me impeça de incorporá-la totalmente à minha rotina.

Penso demais. Isso limita minhas possibilidades, aumenta minha ansiedade e há grande possibilidade de me matar um dia, contudo, sou feliz assim. Não me imagino aceitando o presente resignadamente, sem sensibilizar-me com nostalgias ou esperar do futuro um “algo a mais” inexistente no “agora”. Faz parte de mim. Logicamente tem seu lado ruim, porém compensa suportá-lo. Inibir suas características e desvios mais marcantes é inibir sua essência, e tendo conhecido pessoas as quais a inibiram, posso afirmar com total convicção: Não vale a pena.

Mudar é necessário, involuntário e incrível, porém, nunca vi alguém com personalidade mudar da água para o vinho. Ou de uma hora pra outra.

No fundo, somos como discos de vinil. Vamos acumular riscos a cada nova reprodução, algumas músicas, com o tempo, vão travar ou deixar de tocar, mas as faixas permanecerão as mesmas. O interessante é descobrir pessoas que nunca vão se cansar de nos ouvir, por mais antiquado e defeituoso que possa vir a ser nosso som.

Como sou legal, compartilho com vocês um pouco do amor que meus maridos emanam a cada música. Tem horas que só Franz pode me salvar.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nowhere Boy

- Não rabisquem a parede crianças. – avisou a mãe, antes de sair balançando a maleta de trabalho.
Assim que se ouviu a porta fechar, ambos, primo e prima correram atrás das caixinhas de giz de cera. O mais velho, magrelo e sardento ia à frente abrindo todas as gavetas, remexendo-as sem pudor. Logo um ziguezague de gavetas abertas formava o caminho que tinham percorrido.
- Aqui Manoel, achei! – gritou a menina de menos de sete anos. O primo pulou a escada de dois em dois degraus e abraçou o estojo lotado de pedacinhos de cor, mas foi a pequena que tomou a atitude de macular o branco da parede. Sem graça, pensava ela...
- Tua mãe não vai ficar brava com a gente? – perguntou o sardento, marcando a parte da parede que ocuparia.
- Ela sempre fica, mas depois esquece – justificou.
O barulho abrupto da porta acelerou o coração das crianças, mas já era tarde pra correr.
A mãe da menina os encarava, as bochechas vermelhas de raiva e o peito inflado pela respiração ofegante.
- Bonito, não? O que foi que eu te disse Rafaela? – a menina nem se deu ao trabalho de responder. Recolheu o giz de cera e escafedeu-se pelas pernas da mãe, abrindo a porta e correndo sem pensar pelo quintal.
A mãe, desengonçada correu atrás, cambaleando nos saltos altos, o coque agora frouxo e arrepiado.
- Rafaela! – E a menina parou no meio da rua para o que seria a ultima visão da mãe.
Porém não foi. Algo a puxara para longe, e com os olhos ainda meio cerrados viu-se nos braços de um rapaz de grandes olhos verdes.
- RAFAELA! – gritou a mãe já esperando encontrar a filha morta – GRAÇAS A DEUS! O que te deu de sair correndo menina? Achei que tinha sido atropelada por aquele carro!
- Desculpa moça, a menina apareceu na frente... – o motorista, mais vermelho que a mãe da menina buscava palavras para o seu lamento.
- Aquele moço me ajudou mãe! – apontou para o rapaz, que de uma forma inexplicável já estava do outro lado da calçada, acenando.
- Que moço minha filha? – a mulher girou o pescoço procurando o que a menina apontava.
- Lá mãe! – o olhar confuso do motorista evidenciava que estava na mesma situação da mãe: Ambos não viam mais ninguém, além de Manoel ao lado da porta – Ele ta ali! – insistiu a menina inocente. Fez um gesto para que o rapaz se aproximasse, e em vez disso ele sumiu de novo.
- Dona, eu levo à senhora e a menina no hospital, às vezes ela bateu a cabeça...
- Não faz mais que sua obrigação!
E as duas entraram no veículo.
- Mãe! Ali, olha o moço!
- Onde filha? – ela tentou olhar para a rua, mas tudo que via na sua frente era um chaveiro com a foto de um menino, de grandes olhos verdes – É seu filho? – perguntou a mulher.
- Era meu sobrinho, senhora. – explicou o motorista com um sorriso triste – Morreu quando voltava da escola, foi atropelado por um infeliz que nem prestou socorro... Imagina aflição que me deu quando vi a sua menininha entrar na frente do carro?


Ok, admito. Acho o Logan Lerman um T.