terça-feira, 29 de junho de 2010

Smokes, soundtrack and great company

Sorri de orelha a orelha. Ao meu lado um vidro de Carbocistéina ( vulgo, xarope qualquer ) cujo, matara metade com uma golada. Do outro lado, porém, o " tu tu tu " do celular no auto-falante parecia trilha sonora de minha nostalgia.
Giravam como aleluias na lâmpada os últimos vestígios de seu timbre rasgado em meu subconsciente. Eu não os queria esquecer, mas não tardo a ouvi-lo outra vez, só que ao vivo.
Enquanto, me divirto em relembrá-lo.



- Quer? - custosamente ofereceu-me um de seus últimos cigarros, últimos do segundo maço que torrara. Mas, dispersa demais estava eu, para aceitar ou até mesmo ouvir o convite, que impaciente, sem pestanejar, ele os levou aos lábios tragando vorazmente.
- Sabe Dam... - disse afugentando o frio, escondendo-me na curva de seu pescoço. Tinha um cheiro diferente dos outros. Difícil seria descrevê-lo com riqueza, agora que distante me parece tão vago. Ou eu vá precisar de mais encarnações...

Quantas vidas tem mesmo um gato?

- Sei que você para no meio da frase pra pensar no que vai falar e acaba esquecendo que vai falar... - suas palavras saiam emboladas, ora pelo conhaque outra pelo cachecol que cobria metade da cara.
- Eu gosto mais do cheiro do que do cigarro em si.
- E as vezes não escuta o que eu falo... - emburrou. E em cada trago, um pedacinho de fumaça fluía até a luz da lâmpada amarela. Típica noite de inverno chuvosa. Cru, sem luz nem estrelas.

Por quê eu Louise ?
- Por quê não você ? - respondi ainda encolhida em seus braços. O fato era na verdade que daquela indagação, não sabia a resposta. Talvez seja por me envolver lê-se atrair a confusões. Com homens isso não seria diferente. Ou talvez seja o seu cheiro de cigarro, ou a forma como ele me olhava, como se valesse alguma coisa. Por puro prazer de olhar. Estranho em um mundo que ninguém olha para ninguém, mais ainda por ser ele. Ou talvez, minha necessidade de entende-lo, compreende-lo, decifrá-lo...

Decifra-me ou devoro-te

- Por que eu Dam? - com essa peguei-o de surpresa. Depois de um breve momento de reflexão, beijou-me nos lábios e nos levantamos da calçada.
- Venha, vamos para casa.

- A minha ou a sua ?

Talvez seja sua gargalhada, e como ela é rara de se ouvir.

3 comentários: