sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Proud Mary - O crime ruivo.



Segui em passos longos, e antes disso desci as escadas de dois em dois degraus. Minhas bochechas ardiam vermelhas, meu peito palpitava no ritmo de meus passos, e em minha circulação corrente um fluxo confuso de emoções seguia em ritmo acelerado.
Ao entrar no hall do hotel, dei um sorriso amarelo ao atendente e marchei ainda mais depressa, atravessando as portas de vidro na entrada, e respirando o ar urbano da rua.
- Diana? Você está bem? – tive de me controlar para não saltar com o susto que levei, mas não pude conter minhas mãos de massagearem meu peito pulsante. Sorte, que ao me virar, dei de cara com meu irmão Paul, que me olhava intrigado.
- Vamos para longe, preciso lhe contar algo. – Não ouvi resposta, até porque antes que ele se manifestasse o puxei pelas mãos e saímos correndo entre os carros da avenida, até um canto escondido do Central Park.
- Chega. – ele segurou meu braço parando-me abruptamente – Me conte agora o que você aprontou.
- Paul, eu ouvi algo que não deveria ter ouvido. – sentei-me apertando o estômago, enquanto ele seguia ao meu lado.
- Que diabos de tão grave você ouviu? – ele parecia descrente da seriedade da situação. Não o culpo, eu mesma estava tendo problemas pra identificar a realidade naquilo tudo.
- Eu consegui escutar apenas uma parte da conversa – disse engolindo seco - Fui cúmplice de um assassinato. – um degradê de cenas se reformulou em minha mente.

“Ao sair de meu quarto, o corredor estava mal iluminado pelas bruxuleantes luminárias, que estavam dispostas nas paredes. O único barulho que se ouvia era o de uma corrente de ar, e de murmurinhos que escapavam por uma porta entreaberta.

- Thomas, você está me deixando nervosa – o grito contido de uma mulher escapou pelo feixe de luz mais forte que iluminava o corredor. Aproximei-me da porta entreaberta quase encostando a orelha – Eu não estou com cabeça pra isso! Será que você não entende a gravidade da situação?
- Que gravidade? Que situação Mary...? Não fizemos nada além de cuidar e amar um pobre velhinho até o dia de sua “inesperada” – ele frisou ironicamente a palavra – morte. Pena, que não posso dizer que ela tenha sido prematura, porque francamente... – ele deu uma risadinha de escárnio que logo cessou. A curiosidade nessas horas me possuía mais do que a sensatez, então me aproximei da fresa da porta para observá-los.
Os suspeitos indivíduos pareciam entretidos demais em sua nova façanha para se dar conta de que uma pessoa do exterior os observava. Eu realmente não podia negar de que o que tinham de assustadores, tinham também de belos. A franzina Mary, que acabara de sentar-se absorta em uma cadeira, era ruiva, de pele branca e imaculada. Mordia os lábios, vermelhos coral, em uma mistura de apreensão e angústia, porém em seus olhos verde musgo havia um brilho maquiavélico e estratégico além de nenhum pingo de remorso. Parecia buscar de algum jeito um plano para maquiar seu crime, com uma sede inteligente e alucinada.
Thomas ajoelhou-se em sua frente, suas mãos másculas e bem cuidadas correram até o pequeno rosto da moça, e o afagaram com carinho. Mary correu as mãos pequenas pelos cabelos negros do amante nunca desviando a atenção dos olhos negros e penetrantes que não se desviavam dela. O rapaz parecia muito mais calmo, e extremamente confiante.
- Escuta. – ele disse apoiando as mãos nos joelhos de Mary e se aproximando de seu rosto – Não vou deixar nada acontecer com voc...
- Com nós. – interrompeu Mary.
- Sim, com nós... Tranqüilize-se, você é neta dele, ninguém irá suspeitar de você. Foi um plano genial meu amor, genial! E soubemos executá-lo muito bem. Um enfarte fulminante, é isso que iremos dizer, eles investigarão, não encontrarão resquícios de nosso feito e nós dois fugiremos com a fortuna do seu velho...
- Oh, Thom...você jura? – eu não o ouvi jurar, pois nesse instante uma forte corrente de ar atravessou o corredor batendo a porta em um baque surdo, ao mesmo tempo que desatei a correr enfurecidamente virando corredor só tendo chance de ver uma silueta espiar pela porta entreaberta.

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Texto para o Projeto Bloíques. Edição conto/história. Torçam por mim hem! Q

2 comentários:

  1. Você tem jeito :) boa sorte com o Bloínques.
    Se bem que o texto tá tão bom que a sorte é o de menos rs

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  2. Nossa, fiquei impressionada com a história. Amei e estou torcendo por você! Boa sorte amor *-* Beijinhos :*

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