sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Poor little rich girl

Caí em uma vibe de filmes com temática 60’s, desde que assisti “Stone – A história secreta dos Rolling Stones”. Embora tenha tido certa indiferença em relação a história deste, a mesma indiferença não se repetiu quando assisti “Factory Girl”.

Esse filme que alterna entre cenas vivas e muito coloridas e momentos em preto e branco, desfocados e com chuviscos, narra a historia de Edie Sedgwick, modelo e atriz responsável por elevar o trabalho do artista plástico e cineasta Andy Warhol aos patamares da alta sociedade. Embora Warhol nos anos 60 fosse considerado por alguns vanguardistas como um gênio da arte, a maioria da elite artística da época ainda o via como um mero estampador e exibicionista. Fato que muda após incluir Edie em seus trabalhos.

Andy e Edie foram apresentados em uma festa e desde então estabeleceram uma relação intensa de amizade, companheirismo e parceria. Durante o filme, é notável a mudança no estilo da personagem que no inicio abusava de roupas comportadas, cardigãs, renda e grandes lenços nos cabelos castanhos e médios. À medida que suas participações nos filmes de Warhol vão crescendo, ela muda drasticamente seu guarda roupa, ousando em estampas geométricas, cores fortes, grandes brincos e colares, echarpes, boinas e maquiagem bem futurística e carregada. Foi esse visual extremamente caricato que levou Edie a se tornar ícone dos anos 60 e cair em editorias da Vogue. Se durante o dia a “The Factory” funcionava como ateliê e refugio para os artistas alternativos da época, além de ser estúdio de pintura e cinema de Warhol, a noite o apartamento se tornava palco de festas carregadas de socialites e astros de cinema e do rock, digno de célebres como Mick Jagger. Foi nesse ambiente que Edie teve seus primeiros contatos com alucinógenos.

Embora vinda de uma família do interior e com status sociais, vários conflitos internos da infância e da família da atriz são desvendados ao decorrer do filme. É como se estivéssemos lendo um diário de uma garotinha, o que justifica a personalidade dócil, carente e extremamente manipulável de Edie. É comum notar em algumas cenas que Edie acabava financiando alguns trabalhos de Warhol, sendo que o cineasta nem ao menos pagava os artistas que apareciam em seus filmes. Esse foi um dos motivos da falência da modelo, e também da briga entre ela e seu padrinho.

A gota d’água na amizade dos dois se dá quando Edie se envolve com Bob Dylan, que estava conquistando relativa fama e notoriedade com a elite que menosprezava Warhol. Durante uma aparição na “The Factory” Bob acaba criando um pequeno conflito com Warhol, terminando seu relacionamento com Edie posteriormente. A partir desse momento, e em meio ao sentimento possessivo que Warhol tinha por Edie, ele passa a excluí-la de seus futuros filmes e do próprio ateliê. A vida de Edie se torna um caos.É possível encontrar vários depoimentos dessa fase tumultuada da vida da atriz, muitos deles se tornaram documentários. Sua relação com as drogas se torna cada vez intensa e o pouco dinheiro que conseguia ganhar era destinado ao vício.

No entanto em 1968 Edie volta para Santa Barbara, seu lugar de origem, e lá trava um breve período de luta contra as drogas. Liberada em 1970, a modelo infelizmente tem uma overdose um ano depois e morre.

Costumamos julgar o tempo todo socialites e artistas, pessoas que usam a fama como uma forma de ganhar a vida. O que me tocou em “Factory Girl” foi justamente o lado sombrio e angustiante dessa realidade. Como citei parágrafos acima, Edie era tão vulnerável que em algumas cenas me encontrei em prantos diante do sofrimento da personagem. É até cômodo julgar uma pessoa que luta o tempo todo pra mudar e não consegue, falta de capacidade, diríamos. No entanto, além de trazer a tona uma grande parte da complexidade do universo feminino, “Factory Girl” me mostrou que todos estamos sujeitos a tomar decisões erradas, que podem, ou não, acabar com nossas vidas.

4 comentários:

  1. Todos os filmes que falam sobre drogas, ainda mais com alguém famoso, me emocionam muito. É assim que percebemos como eles são exatamente iguais a nós. Além de resultar em filmes de sucesso!

    Um beijinho!
    http://biacentrismo.blogspot.com

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  2. Adoro filmes assim; de bandas e historias 60s

    http://dezesseisamargos.blogspot.com/

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  3. Cara, adoro o modo que você reproduz as coisas. Resenha muito boa, me deu até vontade de assistir, haha!

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  4. Poxa, me deu até vontade de assistir. Parece aquele tipo de filme que a gente não esquece mais, e leva pra vida... Quando arrumar um tempo, assistirei! Beijo :D

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