Tricotando com Liliane Prata

Colecionar revistas Caprichos (que me desculpem os pseudo-cults minimalistas que pulam os quadrinhos do jornal) é uma tradição entre as mulheres de minha família. Pelo menos desta geração.

Mamãe adorava Caprichos, e é frequente ao vasculhar o fundo da loja de meu avô (lugar que tudo tem e que tudo pode-se achar) encontrar uma edição dos anos 80, com seus editoriais de moda ultrapassado que servem de inspiração pra quem gosta do estilo vintage. O que não é exatamente o meu caso. Com 13 anos comecei a comprar todas as edições de forma compulsiva, já que fazer a assinatura não tem o mesmo sabor de correr na Alternativa (banca bacana de revistas e cafeteria de minha cidade) e verificar se ' a Capricho desse mês ' já chegou.

Na minha fase Caprichomaníaca, a estrutura da revista era muito menos 'teen' e consequentimente abordava temas como sexo e relacionamento (em todos os gêneros: amizade, namoro, família) de uma forma séria, mesmo com o tom jovial. Desde aquela época, e mesmo depois da metamorfose cor-de-rosa em que a revista foi submetida, minha coluna preferida sempre foi a da Liliane Prata.

Toda vez que tenho em mãos uma edição nova, a primeira coisa que faço é correr pra '(Des)neurando' (coluna da Lili) e me divertir com as filosofias triviais e as maluquices da jornalista com jeito de adolescente. Lili talvez seja uma Meg Cabot brasileira, e usando metáforas nosense e um jeito descontraído de redigir o texto, consegue nos segurar da primeira à ultima linha.

Lili também é um tanto quanto auto-ajuda. Se você, como eu, também não tem paciência de ler Augusto Curry ou livros cujo título é 'APRENDA A SORRIR MAIS' , a coluna 'Desneurando' é super indicada pra aqueles dias que tudo o que você que é explodir o mundo mas ao mesmo tempo, precisa de conselho amigo. E tenho que admitir, que o que me agrada mais na Liliane Prata, é a falta de um 'quê' intelectual. Seu jeito de se manifestar simples, divertido e bem estruturado consegue deixar qualquer 'modernitho' no chinelo.

"Estamos presos e qualquer coisa que façamos para tentar nos libertar só vai servir para, no máximo, deixar nossa consciência mais leve. Não vai mudar o modo como as coisas funcionam porque não é assim que se muda o modo como as coisas funcionam. Eu não sei como se muda o modo como as coisas funcionam. Mas algo me diz que não é parando de adoçar nossos cafés que transformamos a história."Blog da Liliane Prata

Hey Deus, você aí de cima mesmo... Quando crescer quero ser como ela, tá?