quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Peter Pan x Dorian Gray

"O Retrato de Dorian Gray" foi uma promessa de leitura feita há algum tempo, concretizando-se há mais ou menos 2 meses atrás, trazendo consigo uma satisfação similar ao encontrar de um doce perdido no armário. Minha única decepção com relação à esse romance, foi personificar o protagonista na imagem do fofura Victor Van Dort e encontrar como sua descrição um jovem loiro, de cabelos cacheados e olhos azuis. Ainda não me acostumei em enxergar o eterno jovem Gray fora do corpo do pálido e sombrio rapaz criado por Tim Burton para affaire da "Noiva Cadáver".

Ok. James Campbell Bower não é de se jogar fora.

Como Jane Austen, o também europeu Oscar Wilde dá uma atenção especial à caracterização de seus personagens, chegando a ser mais dedicado nesse aspecto do que a autora de "Orgulho e Preconceito". O caráter psicológico nesse livro é extremamente bem formulado, escrito de uma forma tão detalhada que de início torna-se até um pouco cansativa. As figuras formuladas por Wilde são tão odiáveis quanto cativantes, impossíveis de não associar com as que encontramos em nosso cotidiano. O lado artístico é evidente na descrição milimétrica, quase poética dos cenários, objetos e do físico dos personagens, recheados com metáforas e eufemismos, e sendo reconhecido também no enaltecimento da beleza, da arte, da juventude e do prazer sem limites, considerados pelos personas de Wilde os ideais da felicidade e exaltados à tal ponto pelo protagonista, que este chega a trocar a própria alma pela juventude eterna. Contradizendo todos os anos de favoritismo aos vilões, minha personagem preferida nesse romance é a doce, ingênua e romântica Sybel Vane, com uma aparição tão rápida e superficial quanto essencial para "agitar" a história.

Seria hipocrisia de minha parte dizer que enxergo apenas o lado positivo do envelhecimento. Faço 18 anos mês que vem, e minha vontade de congelar o tempo nunca foi tão grande. No entanto, me pergunto qual seria a reação de Oscar Wilde - se a possibilidade de traze-lo de volta a vida fosse viável - diante da quantidade de pessoas que recorrem à salas de cirurgia, enfrentando o envelhecimento como um verdadeiro inimigo e só não negociando a alma por falta de oferta. Como é habitual de minha pessoa associar coisas, não pude deixar de ver em Dorian Gray a figura distorcida de um Peter Pan: eternamente jovem, com um perpétuo semblante da inocência e inconsciência infante, mas com atitudes tão cruéis, mesquinhas e vaidosas que nunca seriam cogitadas pelo garoto que não queria crescer.

7 comentários:

  1. Oi! Já ouvi falar muito de Oscar Wilde, mas nunca achei nenhum livro disponível. Possivelmente eu lerei esse, agora que li a sua crítica. De fato, vou prestar atenção na doce e singela Sybel Vane usadhuhsd Gostei bastante do que você escreveu e também desse gif do Peter Pan =D

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  2. Minha amiga leu esse livro mas não especificou muito bem.
    Diz minha mãe que a partir do 18, a vida corre.

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  3. Acho ele bonitinho rsss

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  4. Nunca li nenhum livro dele, mas jpa ouvi ótimos comentários sobre e O Retrato de Dorian Gray está na minha lista de "vou ler" há um tempão, infelizmente ainda não o encontrei em alguma biblioteca, nem em livrarias, ou nunca fui tão interessada a ponto de querer comprá-lo, quanto a todo esse negócio de juventude forever, eu sinceramente compreendo, quer dizer, ultimamente estou vivendo minha síndrome de Peter Pan mais intensa, não por questões físicas, e sim por todo esse drama de responsabilidades, tudo bem que já carrego um bocado nas costas, mas parece que tudo vai virar uma bela bola gigante de problemas que dependerá de uma decisão minha, que até agora não tenho. Enfim, adorei o post, Bea!

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  5. Já a bastante tempo tenho esse livro na minha lista de "Vou ler". Gostei de sua crítica e fiquei pensando sobre a reação do autor a respeito dos tempos atuais com as salas de cirurgia e tudo o mais... É algo que nos faz pensar mais ainda sobre as entrelinha da história.
    Há um filme baseado nesse livro, onde quem faz o papel de Dorian é o Ben Barnes (e ele não é loiro, está mais para uma versão de Victor Van Dort). Mas pelos comentários não é um filme muito bom (mesmo assim vou assistir).

    Concordo com o outro comentário: aos 18 anos a vida corre...

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  6. Ai menina, cm seu post veio a calhar!
    Eu estou tentando ler O retrato de Dorian Gray desde o ano passado, mas empaquei na hora que ele se paixona pela menina lá. Apesar de gostar muito das passagens, dos personages, estou achando o protagonista bem chatinho e a parte em que ele se apaixona é a mais chata ainda!rs. mas prometo que lerei sim!irei terminá-lo!

    P.S: Vi seu coment no blog da Bia e adorei!Vc soubre expressar muito bem o que penso, a le´m do mais, o que passarei a pensar, já que seu comentário me acrescentou. Uma vez arranjei uma briga no face por dizer que achava que mulheres que usavam roupas provocantes e não queriam chamar a atenção eram hipócritas ( o que ainda acho!), mas frisei que isso não é desculpa pra ela sofrer estupro ou assédio algum! Mas vc soube expressar isso de uma maneira bem mais sucinta e clara que eu!Parabéns!

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  7. O Retrato de Dorian Gray tá minha lista shame-on-me de leituras. Livros que sempre quis - e precisei - muito ler e até hoje não criei vergonha.
    Muito boa sua resenha!

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