quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Tokyo’s Loneliness

Rever um filme, para uma pessoa impaciente e hiperativa como a blogueira que vos escreve, é uma tarefa, no mínimo, complicada.

Contudo, entre as resoluções não listadas e programadas aleatoriamente para este novo ano, se encontra a missão de rever e reler alguns filmes e livros, tal qual um pressentimento, desprovido de explicações racionais e com origem desconhecida, me aconselha a fazer. Um dos itens do tópico apelidado de “Revisão inútil, porém, inexplicavelmente necessária” era, visto que acabei de o re-assistir, “Lost in Translation”. Catarse, que para algumas definições é um sentimento de extrema empatia, foi o que experimentei ao rever o drama escrito e dirigido pela jovem- prodígio-hipster Sofia Coppola. Típico de algumas personagens encenadas pela talentosa – e linda - Scarlett Johansson, Charlotte causou em mim uma extrema afinidade e um profundo sentimento de identificação. Obviamente, não possuo nem metade do ar misteriosamente lânguido e poético nela encontrado, porém vi retratados com absurda fidelidade, em suas cenas de desconcertada timidez e introspecção, meus momentos de acanhamento, como se os últimos houvessem sido tomados como material de pesquisa.

Aliás, acanhamento pode ser considerado uma das palavras chaves do roteiro, assim como solidão, adaptação e descoberta. Coppolina conseguiu captar na construção de seus personagens aquela assustadora sensação de se sentir sozinho em uma multidão, lembrando que não se trata de uma multidão qualquer, mas a existente no exaustivamente populoso e organizado cotidiano de Tokyo, com seu trânsito ininterrupto e a incessante transmissão dos arranha-céus cobertos por televisores.

Não se trata de um filme movimentado ou agitado. Feito um devaneio – uma excelente comparação feita por uma amiga quando estávamos discutindo a obra – as personagens estão mais envolvidas com seus conflitos interiores e divagações do que com o exótico cotidiano ao redor. Boris Harris, incrivelmente interpretado por Bill Murray, é o melhor exemplo para esse aspecto, visto que seu personagem, durante todo o filme, não faz questão nenhuma de disfarçar sua indiferença – cômica ou revoltante, dependendo do momento - pelos costumes orientais e a imensa vontade de dar o fora daquela mistura de cultura milenar com cidade futurista. Filmes da Copollina possuem uma fotografia caprichada como referencial. Nesse aspecto, temos como características principais a mistura das luzes dos famosos fliperamas japoneses, o colorido dos templos budistas e um fundo nublado de megalópole, impressionando nossos olhos a cada passagem de cena, com uma atmosfera onírica e muito tocante. Lost in translation, é, acima de qualquer coisa, um filme sensitivo, capaz de agitar não só o emocional como a maioria de nossos sentidos físicos – exceto o olfato, obviamente. Produz uma sensação semelhante a uma taça de vinho sendo degustada aos poucos: um copo cheio para reflexões e transbordando sensibilidade a cada gole, ou melhor, cena.

7 comentários:

  1. Beatriz! Esse é um dos filmes da minha extensa lista dos que ainda preciso ler. Adorei o modo como falou sobre ele. Fiquei com ainda mais vontade de assisti-lo!
    E fico feliz em saber que gosta da forma como escrevo.

    Um beijo, @pequenatiss.

    ResponderExcluir
  2. Cara, nunca vi esse filme,. vou anotar pro meu irmão baixaar e a gente ver.
    SJ *-* linda como sempre, sempre *-*
    amei o cabelo dela.

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Passei pra conhecer e já vou ficando por aqui. Obviamente estou seguindo. Amei o blog, muito bem organizado. Parabéns! ^^
    Posso te dar uma sugestão? Retire a verificação de palavras, sem ele terá mais comentários e será mais fácil comentar.

    Se quiser fazer uma visita lá no meu cantinho, ficarei muito feliz.

    http://distantedoquesou.blogspot.com.br/

    Beijinhos, sucesso.

    ResponderExcluir
  4. Nunca vi esse filme mas parece ser ótimo :)
    www.espacegirl.com

    ResponderExcluir
  5. Sempre ouvi falar desse filme e nunca havia assistido. Ano passado, meu marido me obrigou a vê-lo e também me apaixonei por toda essa delicadeza e sensibilidade que os personagens passam. Uma identificação muito plena. Um filme lindíssimo. E "More Than This", que música, hein. Hoje em dia, para mim, ela faz muito sentido.
    Te indiquei para um meme, olha: http://cronistaamadora.tumblr.com/post/43443325285/7-coisas
    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Oi Beatriz,
    Meu blog foi indicado a participar de uma TAG, que no qual o objetivo é falar um pouco sobre o próprio blog. Uma das regras da TAG é indicar 10 blogs para participar dela, e eu indiquei seu blog! Se participar manda o link do seu post para eu comentar. E se puder comentar o meu, eu agradeço.
    Abraços
    http://refugionofimdouniverso.blogspot.com.br/2013/02/tag-perguntas-e-respostas.html

    ResponderExcluir