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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Câmera, cor e inspiração

Dias atrás descobri um projeto chamado End the Echo cuja proposta é incentivar designers a utilizar como fonte de inspiração na hora de desenvolver um projeto, não só materiais criados por colegas de profissão expostos em bancos de portfólio como o Behance,  como também elementos e cores do cotidiano urbano, formas e texturas de ~coisas que a natureza nos dá~ e produtos criativos de outras categorias como música, fotografia, dança, etc. 

A partir deste desafio comecei a refletir sobre qual seria minha principal fonte de inspiração desde o início de minha carreira. A resposta não poderia ser outra se não cinema.

Os filmes que assisto me inspiram muito, principalmente a paleta de cores escolhida para fotografia, figurino e cenário. 
Fiz uma lista com sete obras que gostaria de roubar as cores da tela para colorir tanto meus projetos como ambientes e situações da minha pacata vida. 

Memórias de uma Gueixa

O Grade Hotel Budapeste

A Noiva Cadáver

Maria Antonieta

A princesinha

Sucker Punch

A Maldição da Flor Dourada

O Fabuloso Destino de Amelie Poulain


domingo, 18 de agosto de 2013

Algo mais que água-com-açúcar

Porque uma obra não precisa ser absurdamente intelectual e profunda para fazer sentido e/ou tocar o âmago. 

Posso não viver os filmes que assisto, como os tipos mais fanáticos de cinéfilos, porém, eles sempre foram um meio de lazer muito significativo na minha vida sendo, atualmente, indispensáveis para me manter emocionalmente estável. Quando determinada “quote” me desperta um sentimento profundo de identificação/emoção, eu a carrego pelo resto da vida, como um conselho bem orientado ou o aprendizado consequente de uma burrada muito grande cometida anteriormente. 

Reconhecer na tela um ator de algum filme infantil que marcou minha infância é como topar com algum sumido companheiro de travessuras do pré de 5, num corredor aleatório do supermercado. Instantaneamente memórias infantes são ativadas, produzindo no coração uma mistura de saudade, familiaridade. Nostalgia. Tudo que experimentei ao reencontrar Freddie Highmore, vulgo o Charlie do remake de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, crescido - e gato, muito gato – em “A Arte da Conquista”. 


Olha quem cresceu ♥

Buscando por puro e simples entretenimento inútil, a fim de reabastecer minhas esperanças e acumular energia para o próximo – assustador – semestre, foi conduzida para o longa pelo título, e pela capa também, principalmente por ambos não possuírem nada de genial e “edificante”, adjetivos presentes em filmes que amo/admiro, e dos quais estava fugindo. Contudo, logo percebi que a estória não se resumiria em apenas diversão e “happy-ending”, e se mostraria algo muito além de minhas expectativas.  
“We live alone, we die alone. Everything else is just a ilusion.” 

Não bastando tal citação fatídica iniciar o filme, seu narrador, sujeito para o qual as câmeras são especialmente voltadas, é o tipo de personagem que eu gostaria de levar no bolso. Figurativamente falando, é claro. Desajeitado e encolhido em um sobretudo preto largo demais, exibindo um sorriso desconcertado e inseguro a cada comentário ácido, George contradiz a irresponsabilidade com que leva as obrigações cotidianas com a seriedade que atribui à existência. Sua atitude muito me remete a uma de minhas músicas favoritas do momento – "Música Inédita", parceria de Tiago Iorc (♥) e Gadú – o que aumentou ainda mais minha afeição por ele. 


George se recusa a cumprir os objetivos ortodoxos de um colegial, pois crê piamente que o caráter efêmero da vida torna insignificante todas as conquistas nela colecionadas. O que pode ser visto como muito comodismo, ou sabedoria, dependendo da perspectiva e da ideologia do observador. Um bom e velho clichê cinematográfico certamente não iria faltar, e é um deles o responsável por transformar seu comportamento passivo: uma garota. 

Especificamente chamada Sally, interpretada pela também ex childstar Emma Roberts, cuja visão da vida é igualmente desencanada, embora seus interesses sejam menos dotados de profundidade do que de futileza. George mostra a Sally o que há de mais construtivo que compras e farras para desperdiçar seu tempo de “dever de casa”, acabando por tornar-se, involuntariamente, também o alicerce para onde ela escapa de seu badalado mundinho superficial, com quem pode agir naturalmente e que lhe aspira confiança. Sally, por sua vez, não só da à George um objetivo para qual lutar, como o tira de sua zona de introspecção, o apresenta para o mundo, e ao lado de acontecimentos de núcleos secundários, o afasta da inércia em que vive.
 

Ah! Eles também passam o filme todo naquele chove-não-molha habitual de amizades coloridas. 


Juntando uma fotografia bacana, uma trilha sonora interessante e uma atuação espetacular por parte de Highmore, “A arte da conquista” apresentou todas as evidências – e clichês – para desembocar em mais uma comédia romântica com ares melancólicos. Todavia, não sei se favorecida pelo meu estado emocional do momento ou por qualquer outro aspecto exterior, conseguiu me sensibilizar de tal maneira, me enchendo de “quotes” tão bacanas para carregar pela vida, que a considero um filme merecedor de uma moral mais elevada, digno de elogios pomposos e uma super indicação.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Amada Idealização

Ou: “Como meu estado civil e emocional combina perfeitamente com a temática do filme "Ruby Sparks – A namorada perfeita".” 


O Alacazaam, meu caderno de desenho e minha escolha profissional foram meios, por mim encontrados, para canalizar de forma construtiva a imaginação fértil além da conta da qual fui abençoada, e da qual, às vezes, me sinto amaldiçoada. 

Desde pequena, divido minha existência entre dois mundos, sabe? No mundo compartilhado com os demais indivíduos da sociedade, eu escovo os dentes, lavo louça, pego busão, engordo aos fins de semana, acordo cinco dias da semana seguinte às 7:00 para correr e emagrecer o que engordei e, embora me mate de estudar, não consigo uma nota satisfatória em Matemática ou Introdução a Publicidade e Propaganda. 

No outro, meu mundo mental, utópico e perfeito, tão constante e, às vezes, tão concreto quanto o real, costumo enfrentar dragões, comer o que quiser e não engordar, salvar a humanidade com meus personagens de HQ favoritos, liderar uma banda de rock e viver um grande, devastador e promissor, romance. Porque o único romance devastador que vivi no primeiro mundo terminou em desapontamento para ambas as partes. 

Tudo que até agora escrevi parece coisa de maluco, mas calma, senta, que tende a piorar. 


Sou, em 75% do meu tempo, muito Calvin, um nerd introspectivo e sistemático além de prodígio literário que, em meio a um bloqueio criativo, começa a escrever um romance protagonizado pela mulher de seus sonhos. Contudo, por um motivo não explicado e sobrenatural, Ruby se materializa e seu relacionamento com Calvin se torna real. O enredo é quase uma réplica indie e norte-americana de “A mulher invisível”, na qual o idealizador é Pedro, um publicitário (oi!?) abandonado pela esposa, salvo da fossa por um produto de sua imaginação: Clarice, a mulher perfeita.


Diferente de Clarice, Ruby pode ser vista por outras pessoas e, o mais importante: possuí “defeitos”. Para preservar a integridade da personalidade da amada – e a veracidade de seu relacionamento -, Calvin vive resistindo a tentação de transformá-la, corrigir suas “imperfeições”. O que é capaz de fazer com apenas um parágrafo. 


Essa é a grande sacada do enredo, e a beleza de todo relacionamento. Posso afirmar, por uma pequena experiência própria, que a graça de um “romance” se encontra, ironicamente, nos defeitos do parceiro. Talvez por isso, a maioria opte por viver relacionamentos com pessoas pelas quais não estão apaixonadas, invés de grandes paixões. Quanto maior a paixão, maiores são as expectativas, e por consequência, mas difícil se torna tolerar os defeitos alheios. 

Ao lado de “500 days of Summer”, “Ruby Sparks – A namorada perfeita” foi uma das abordagens fictícias mais coerentes que já vi de relacionamentos/amor, pois sugere que a satisfação nunca é cem por cento e que pra algo ser verdadeiro e intenso, não, precisa necessariamente, dar certo e ser eterno.
 

Colecionadores Convulsivos de Expectativas costumam se identificar muito com essa cena de "500 days of Summer"


Acima de tudo, trata-se de uma trama que do início ao fim, enfatizou todos os contras de uma história de amor, conseguindo, contraditoriamente, nos deixar com ainda mais vontade de se entregar a esse complexo sentimento.


Só pra deixar claro que minha opinião sobre Summer Fin permanece a mesma.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Tokyo’s Loneliness

Rever um filme, para uma pessoa impaciente e hiperativa como a blogueira que vos escreve, é uma tarefa, no mínimo, complicada.

Contudo, entre as resoluções não listadas e programadas aleatoriamente para este novo ano, se encontra a missão de rever e reler alguns filmes e livros, tal qual um pressentimento, desprovido de explicações racionais e com origem desconhecida, me aconselha a fazer. Um dos itens do tópico apelidado de “Revisão inútil, porém, inexplicavelmente necessária” era, visto que acabei de o re-assistir, “Lost in Translation”. Catarse, que para algumas definições é um sentimento de extrema empatia, foi o que experimentei ao rever o drama escrito e dirigido pela jovem- prodígio-hipster Sofia Coppola. Típico de algumas personagens encenadas pela talentosa – e linda - Scarlett Johansson, Charlotte causou em mim uma extrema afinidade e um profundo sentimento de identificação. Obviamente, não possuo nem metade do ar misteriosamente lânguido e poético nela encontrado, porém vi retratados com absurda fidelidade, em suas cenas de desconcertada timidez e introspecção, meus momentos de acanhamento, como se os últimos houvessem sido tomados como material de pesquisa.

Aliás, acanhamento pode ser considerado uma das palavras chaves do roteiro, assim como solidão, adaptação e descoberta. Coppolina conseguiu captar na construção de seus personagens aquela assustadora sensação de se sentir sozinho em uma multidão, lembrando que não se trata de uma multidão qualquer, mas a existente no exaustivamente populoso e organizado cotidiano de Tokyo, com seu trânsito ininterrupto e a incessante transmissão dos arranha-céus cobertos por televisores.

Não se trata de um filme movimentado ou agitado. Feito um devaneio – uma excelente comparação feita por uma amiga quando estávamos discutindo a obra – as personagens estão mais envolvidas com seus conflitos interiores e divagações do que com o exótico cotidiano ao redor. Boris Harris, incrivelmente interpretado por Bill Murray, é o melhor exemplo para esse aspecto, visto que seu personagem, durante todo o filme, não faz questão nenhuma de disfarçar sua indiferença – cômica ou revoltante, dependendo do momento - pelos costumes orientais e a imensa vontade de dar o fora daquela mistura de cultura milenar com cidade futurista. Filmes da Copollina possuem uma fotografia caprichada como referencial. Nesse aspecto, temos como características principais a mistura das luzes dos famosos fliperamas japoneses, o colorido dos templos budistas e um fundo nublado de megalópole, impressionando nossos olhos a cada passagem de cena, com uma atmosfera onírica e muito tocante. Lost in translation, é, acima de qualquer coisa, um filme sensitivo, capaz de agitar não só o emocional como a maioria de nossos sentidos físicos – exceto o olfato, obviamente. Produz uma sensação semelhante a uma taça de vinho sendo degustada aos poucos: um copo cheio para reflexões e transbordando sensibilidade a cada gole, ou melhor, cena.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Bem-vindo ao clube dos desajustados

"Ou uma resenha sobre “o filme mais emocionante de todos os tempos”

Acabei de assistir “As Vantagens de ser Invisível”. Os créditos estão rolando enquanto David Bowie me diz que "podemos ser heróis só por um dia", e, como estive a maior parte do filme, estou chorando agora. Se você faz parte do abençoado grupo dos que nunca se sentiram completamente solitários, talvez não se sensibilize como eu. Pois tal qual o protagonista, também já senti na pele o que é ser invisível.
Logan Lerman, cuja imagem de galã hollywoodiano foi totalmente apagada pela intensidade de sua interpretação, consegue absorver perfeitamente a extrema insegurança e timidez de Charlie, as quais são demonstradas pelos ombros baixos, movimentos travados e um sorriso desconfortável exibido a maior parte do filme. Características responsáveis por despertar em mim a vontade de abraçá-lo, protegê-lo da crueldade subliminar existente no dia-a-dia escolar.

Senti revividas as sensações de pressão e provação características do colegial. Nunca é tão significante fazer parte de algo, ter um grupo ou pelo menos, alguém para conversar na hora do intervalo. Ser aceito. Não negarei ter encontrado um pouco do meu passado na introspecção, no escapismo e no sentimento de deslocamento, vivenciados pelo protagonista. A aceitação de uma amizade verdadeira, coisa tão insignificante para alguns, provoca uma verdadeira transformação no jovem e é responsável por salvar sua sanidade.

Emma Watson deixa definitivamente Hermione no passado, abraçando a liberdade, e a descontração de Sam, pupila do protagonista. Contudo, a cena é definitivamente roubada pela irreverência de Patrick, o cativante baderneiro responsável pelos momentos mais engraçados, gay mais que bem resolvido, mas que para proteger a reputação de seu parceiro, emprega todos seus esforços para manter seu relacionamento na clandestinidade. Interpretado pelo gatíssimo Ezra Miller, sua aparição consegue desviar nossa atenção dos olhos claros e do charme inocente de Lerman.
Patrick e Sam: Mostrando o lado o cool de ser "esquisito"

Ao lado de Sam e Patrick, tão desajustados quando ele, Charlie prova as delícias e dissabores de dividir a intimidade com alguém. O primeiro beijo, desilusões amorosas, conflitos de ego, ciúmes e experiências com drogas e alcool, são encenados com muita sensibilidade, atribuindo um quê lírico, quase poético, aos viveres típicos da juventude.

Tendo uma deliciosa trilha sonora como plano de fundo, “As Vantagens de Ser Invisível” não é apenas um melodrama sobre a adolescência: É um filme sobre desilusões e vazios que acompanham toda trajetória humana, mas são suavizados na companhia de uma alma amiga.

Ainda estamos em janeiro, porém, me sinto capaz de afirmar que nenhum outro filme em 2013 irá me emocionar tanto quando este.