segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Amada Idealização

Ou: “Como meu estado civil e emocional combina perfeitamente com a temática do filme "Ruby Sparks – A namorada perfeita".” 


O Alacazaam, meu caderno de desenho e minha escolha profissional foram meios, por mim encontrados, para canalizar de forma construtiva a imaginação fértil além da conta da qual fui abençoada, e da qual, às vezes, me sinto amaldiçoada. 

Desde pequena, divido minha existência entre dois mundos, sabe? No mundo compartilhado com os demais indivíduos da sociedade, eu escovo os dentes, lavo louça, pego busão, engordo aos fins de semana, acordo cinco dias da semana seguinte às 7:00 para correr e emagrecer o que engordei e, embora me mate de estudar, não consigo uma nota satisfatória em Matemática ou Introdução a Publicidade e Propaganda. 

No outro, meu mundo mental, utópico e perfeito, tão constante e, às vezes, tão concreto quanto o real, costumo enfrentar dragões, comer o que quiser e não engordar, salvar a humanidade com meus personagens de HQ favoritos, liderar uma banda de rock e viver um grande, devastador e promissor, romance. Porque o único romance devastador que vivi no primeiro mundo terminou em desapontamento para ambas as partes. 

Tudo que até agora escrevi parece coisa de maluco, mas calma, senta, que tende a piorar. 


Sou, em 75% do meu tempo, muito Calvin, um nerd introspectivo e sistemático além de prodígio literário que, em meio a um bloqueio criativo, começa a escrever um romance protagonizado pela mulher de seus sonhos. Contudo, por um motivo não explicado e sobrenatural, Ruby se materializa e seu relacionamento com Calvin se torna real. O enredo é quase uma réplica indie e norte-americana de “A mulher invisível”, na qual o idealizador é Pedro, um publicitário (oi!?) abandonado pela esposa, salvo da fossa por um produto de sua imaginação: Clarice, a mulher perfeita.


Diferente de Clarice, Ruby pode ser vista por outras pessoas e, o mais importante: possuí “defeitos”. Para preservar a integridade da personalidade da amada – e a veracidade de seu relacionamento -, Calvin vive resistindo a tentação de transformá-la, corrigir suas “imperfeições”. O que é capaz de fazer com apenas um parágrafo. 


Essa é a grande sacada do enredo, e a beleza de todo relacionamento. Posso afirmar, por uma pequena experiência própria, que a graça de um “romance” se encontra, ironicamente, nos defeitos do parceiro. Talvez por isso, a maioria opte por viver relacionamentos com pessoas pelas quais não estão apaixonadas, invés de grandes paixões. Quanto maior a paixão, maiores são as expectativas, e por consequência, mas difícil se torna tolerar os defeitos alheios. 

Ao lado de “500 days of Summer”, “Ruby Sparks – A namorada perfeita” foi uma das abordagens fictícias mais coerentes que já vi de relacionamentos/amor, pois sugere que a satisfação nunca é cem por cento e que pra algo ser verdadeiro e intenso, não, precisa necessariamente, dar certo e ser eterno.
 

Colecionadores Convulsivos de Expectativas costumam se identificar muito com essa cena de "500 days of Summer"


Acima de tudo, trata-se de uma trama que do início ao fim, enfatizou todos os contras de uma história de amor, conseguindo, contraditoriamente, nos deixar com ainda mais vontade de se entregar a esse complexo sentimento.


Só pra deixar claro que minha opinião sobre Summer Fin permanece a mesma.

10 comentários:

  1. E se eu disser que sou muito parecida com você, você acreditaria? hauhau
    Também tem uma parte de mim que vive da imaginação, e eu gosto disso. :)

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  2. Comecei a ver esse filme e sei lá por que diabos parei, vou dar outra chance, provavelmente estava sem saco. Preciso dizer que também tenho essa síndrome de Platão? Inclusive, acho que provavelmente todo mundo tem, não sei se é um facilitador na minha vida, mas é involuntário. Acho que é por isso que gosto tanto de ver filme, de ler livro, e vou me entupindo disso, não sei se pra escapar um pouco dos meus "problemas reais" (coisa falha), ou pra me alimentar de esperança.
    Da primeira vez que assisti 500 days of Summer, coisa que faz tempo, odiei, odiava a Summer, odiei o final, não entendia por que gostavam tanto, sou fã de um clichê, de um foram felizes para sempre, é inerente a mim.
    But, vi de novo, dia desses, e entendi, acho que tem aquela coisa de você ver o filme, ler o livro, no momento certo, sabe? Me pegou de jeito e foi pra os favoritos, inclusive queria morar naquele filme, casar com aquele Tom, que consegue ser fofo e sensual ao mesmo tempo e não sei como. Acho que me vi bastante na Summer, continuo com essa relação de amor e ódio com essa personagem, mas serviu pra o momento. Minha vida é esse eterno contraste entre como as coisas acontecem na minha mente, e como elas são de fato. Orando por um equilíbrio de ambas.

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  3. Que bacana Beatriz! É legal ver filmes que não mostram aquele amor clichê de cinema, tão idealizado e totalmente irreal. É bom ter películas que nos mostrar tudo o que envolve o "perigo" de amar.

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  4. awnn, que graça ! adorei o enredo do filme ,
    nao conhecia!
    Menina, amei seu blooooog , estou adorando suas postagens !
    Lindona, é lógico que já estou supeer seguindoe e curtindo sua fan page e te convido a seguir meu blog tb e a curtir minha fan page. Meu canal YTube: tainaheille
    nossoblogdemodaa.blogspot.com

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  5. Cada texto seu que leio, me apaixono mais por seu blog e pela sua maneira de escrever. Por um segundo, pareceu que vc estava falando de mim lá no início, sobre o mundo real e o imaginário. 500 days of summer não faz meu tipo e não é um dos meus filmes favoritos, mas respeito seu enredo e sua abordagem "realista" do romance. Já Ruby sparks, nunca vi, mas procurarei, com certeza.

    obs: Acho o Beetlejuice muito galante, na verdade. haha

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  6. Adoro os filmes citados acima, nunca assisti esse da Ruby mas já adorei pela forma que você escreveu e vou procurar para ver também!
    Passando para desejar um ótimo dia.
    Beijo grande.
    yarasousa.blogspot.com.br/
    Loja do blog andancastore.loja2.com.br/

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  7. Não conhecia todos os filmes que você citou, mas claro que esses irão para a lista de filmes que PRECISO assistir (adoro suas dicas e como você fala sobre cada enredo/história). Gostei muito de 'A mulher invisível' e acredito que vou gostar da 'não-versão-americana'.

    Beijos
    www.procurei-em-sonhos.com

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  8. Gostei do texto.
    Realmente, relacionamentos são assim.
    Acho que se eu e meu namorado não discutisse as vezes, eu ficaria louca. Não consigo imaginar o mundo sem opniões divergentes.
    Fora que, as vezes eu brigo com ele por ele ser um velho chato que só quer ficar dentro de casa nos fins de semana. As vezes eu acho isso bonitinho
    kkkkkkkkkkk
    Tudo é questão de lembrar que todos tem defeitos visíveis, invisíveis, e você não vai achar o cara "perfeito pra você" vai achar o "cara com defeitos mais cabíveis". Isso.

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  9. Que coincidência, Beatriz. No meu texto de hoje falei justamente sobre essa idealização das pessoas.
    Gostei bastante de Ruby Sparks por causa disso. Adoro quase tudo que tenta desconstruir ou, no mínimo, tirar uma onda com o conceito de manic pixie dream people. 500 days of Summer e Ruby são ótimos filmes que fazem isso.
    É tão melhor se relacionar com pessoas de verdade, né?
    Fiquei curiosa pra saber sua opinião sobre a Summer. O texto não abriu aqui. :(
    Beijo!

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  10. Por mais incoerente que pareça: nenhum relacionamento sobrevive sem discussões. Nada é perfeito no mundo 3D. Infelizmente. E essa é a parte legal da gente entrar num relacionamento: podemos só aproveitar o momento, sem criar grandes expectativas. Porque, bem, expectativas todos temos.
    >>Emilie Escreve

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