terça-feira, 15 de outubro de 2013

Acho que hoje te vi passar

Porque, sinceramente, desacredito a possibilidade de um dia você se tornar apenas mais um entre os milhões de transeuntes no meu campo de visão. 

Talvez você também tenha me notado, e como de praxe, obedecendo rigorosamente nossa habitual mania de responder ao contrário as ações um do outro, fingiu que não notou. Assim como eu, 25 minutos depois, afinal, sempre fui a com mais dificuldade de processar as estratégias racionais do jogo da conquista.

E você sempre foi tão bom a ponto de me ensinar – da maneira mais difícil – algumas delas.

É melhor assim, nos vermos a distância, segura distância, em uma encarada fugaz no meio da multidão, sem precisar fingir as afinidades que nos tornaram tão próximos, e que o tempo tratou de apagar, de nos modificar e diferenciar. Só pra deixa aquele gostinho de saudade.

Mas é saudoso como as cenas de um filme assistido há muito tempo, do qual não me lembro o nome, embora goste de relembrar, pois marcou uma época, pois fez uma história, pois me tirou de um caminho e me encaminhou para o que me tornei.

Não que seja grande coisa.

De resto, basta você aí, e eu aqui, cada qual no seu canto, muito bem, obrigada, separados prudentemente pela distância, por passantes e por cada vez menos frequentes lapsos de nostalgia. 

Ufa, ainda bem.

Atenciosamente,

Louise

   

16 comentários:

  1. Gostei do texto, principalmente desse trechinho: "É melhor assim, nos vermos a distância, segura distância, em uma encarada fugaz no meio da multidão, sem precisar fingir as afinidades que nos tornaram tão próximos, e que o tempo tratou de apagar, de nos modificar e diferenciar. Só pra deixa aquele gostinho de saudade." Acho que muitos relacionamentos acabam se resumindo a isso depois de um tempo, o que penso que por um lado pode ser bom, dando a cada um a chance de recomeçar, porém por outro sempre fica aquela sensação esquisita de que poderia ter sido diferente quando você vê a pessoa.

    Thoughts-little-princess.blogspot.com

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  2. O problema da distância é esse, ao mesmo tempo que ela aumenta a saudade, faz com que muitas vezes o sentimento vá se apagando aos poucos, dando lugar a cada vez menos momentos de saudade um do outro. Não é uma regra, mas muito acontece.

    Beijos, Beatriz!

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  3. Não posso conter a expressão, como dizem na minha terra: "Seicumé..."

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  4. Confesso que o seu texto me "enganou" haha. No início pensei que falasse de um "amor" que nunca se realizou e pensei que assim seria até o fim. Mas fui surpreendida (e isso é bom). Havia uma história por trás dessa distância.
    Gostei disso!

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  5. Texto incrível! Me fez lembrar de tanta coisa...

    www.meninaencanada.com

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  6. Ah, o platônico! Meu tipo preferido de amor, pena que não o vivo há muitos anos. Me dá até aquela saudade de dar uma sofridinha.
    Mesmo quando há a separação, continua se platonizando, ao meu ver. Comigo já foi assim. Às vezes acho que ainda platonizo assim bem pouquinho, mas né.
    Beijos!
    PS: te linkei, vc viu? *-*
    http://www.canseidesernerd.com

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  7. Ai já tive um amor assim era lindo por ficar na imaginação e emocionante quando o via!

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  8. Sofrer por amor de vez em quando, é ser feliz né.
    Gosto dessa sensação.

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  9. Achoque esse é mais um daqueles casos de amor que não deram certo, mas que inda mantém a chama acessa. Mesmo que fogo esteja se apagando. O estranho é que a gente sempre acha que algumas coisas vão dar certo porque existe o amor.... mas, quando não há compreensão...e a distância? .____.
    :::: {Emilie Escreve} | @emilie_escreve

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  10. Não tive como ler e não relacionar de cara a uma citação que vi em algum lugar, não lembro onde, falava mais ou menos que os amores incompletos é que são românticos. Lembrei, Vicky Cristina Barcelona, talvez? Isso ficou martelando na minha cabeça e não saiu mais, e olha que eu sou uma bosta pra gravar citações maiores do que ser ou não ser, eis a questão; talvez pelo simples fato de que quando a gente se depara com uma frase que define, apenas, define e ponto, define tudo, é meio complicado fugir dela, apagar do psicológico. Essa daí é quase uma legenda pra minha vida, e você coloque aí os mil amores platônicos diários, e também os que se transformam todos os dias, mas não saem do pé, da mente, da gente. No final eu reflito e concluo "ufa" mesmo, algo como "deu certo enquanto foi", mais pra me convencer que pra qualquer coisa. No fundo a gente (eu) sabe que dá certo mesmo enquanto não é. E dura que é uma beleza, tipo, pra sempre.

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  11. Ufa! Sério... adorei.
    http://mepoupepaola.blogspot.com.br/

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  12. Oie! Tudo bem? :D
    Carta bonita... Tem um "quê" de sofrimento, mas tão sutil que não chega ser aquele melodrama todo... Gostei muito. Já me senti assim algumas vezes, mas não é meu tipo preferido de ~romance~.

    Gosto muito daqui!
    Beijos.

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  13. Crônica melancólica, mas como todos os seus trabalhos, muito boa como sempre. Poderia separar esse como um dos meus blogs favoritos. Principalmente pela maneira peculiar e (incrívelmente!) interessante que você tem de fazer resenhas, mas eu acho que já te disse isso.

    obs: Quando escrevi meu último texto, pensei no personagem como sendo a própria Morte. Mas gostei da sua leitura. Até porque também sou uma grande fã do Lestat. Rs

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  14. Nossa, que texto dolorido, Beatriz. Lembrei de Closer, sabe? Aquela cena em que eles são, de fato, estranhos e se olham na rua. Estranho ter que fingir que as pessoas são desconhecidas, né?
    Que lindo a Cristina ali do lado. Vicky Cristina Barcelona <3
    Beijo!

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  15. Juro que machuca. Essa sensação de amor terminado, deixado pra lá. A gente diz "ufa" porque o tempo cura, entretanto, certas memórias são quase eternas. Senti uma pontada no peito quando li esse texto, aquela angústia por lembrar que amores (e outros) duram, enquanto forem pra durar. E que a gente muda mesmo, o outro muda também e, na distancia, o amor vai desistindo aos poucos. Conseguiu me emocionar, como a maioria dos seus textos.

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  16. É tão triste quando aquela dupla infalível e maluca da qual faziamos parte se torna memória, e a gente se vê e fica aquela espaço-tempo entre a gente, sem saber o que fazer, como agir, o que dizer. É a pior parte de conhecer alguém, e se tornar íntimo e viver com essa pessoa. No final fica aquela pergunta " como a gente se ficou assim ?".
    Amei seu blog, vou voltar mais vezes.
    Beijão
    barradosno-baile.blogspot.com

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